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Lula procura siglas ligadas ao mensalão
Para formar base governista, presidente dialogará com líderes das legendas envolvidas no escândalo revelado em 2005
Parlamentares de PP, PTB e PL já se dizem pró-governo; representante do PTB não será Roberto Jefferson, mas o líder da sigla na Câmara
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao retomar nesta semana
conversas com dirigentes partidários para discutir a formação da base parlamentar governista no segundo mandato, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva trará à arena política, direta ou indiretamente, personagens que se envolveram no
escândalo do mensalão. Se fosse optar por um diálogo institucional com as legendas, Lula teria, por exemplo, que se sentar
à mesa com Roberto Jefferson,
que, depois de cassado, retomou recentemente o posto de
presidente nacional do PTB.
Neste e em outros casos, Lula
será obrigado a repetir o mesmo modelo do primeiro mandato: negociar com dirigentes
partidários isoladamente.
Parlamentares de PP, PTB e
PL não hesitam em se antecipar e declarar que são e serão
governo. Roberto Jefferson
afirma que não quer ver o PTB
no governo, mas autorizou o líder do partido na Câmara, José
Múcio Monteiro (PE), a conversar com o presidente. O PTB
elegeu 22 deputados.
Lula disse que quer negociar
diretamente com os partidos
para propor uma agenda de temas de interesse nacional, incluindo a reforma política. Não
terá como fazer esse diálogo
institucional com algumas legendas depois da crise de 2005,
ou porque tem inimigos nas
presidências das siglas ou porque os presidentes dos partidos
não representam a vontade da
maioria nas suas bancadas.
"O Roberto [Jefferson] delegou que a conversa com o governo seja feita por mim. Como
eu fui aliado do presidente Lula
esse tempo todo e continuo
aliado, não cria nenhum tipo de
constrangimento para ninguém. Vamos apoiar o presidente", disse José Múcio.
O líder do PTB se mostrou favorável à reforma política e ao
financiamento público de campanha com lista fechada, temas
que há pouco tempo não eram
bem digeridos no partido.
Também cassado, Pedro
Corrêa (PE) deixou a presidência do PP. O deputado Nélio
Dias (PP-RN) assumiu o posto
em setembro e se diz "muito
afinado" com Lula. Dias pretende se reunir, na próxima semana, com todos os eleitos e
reeleitos da legenda para discutir a situação do partido. A bancada eleita tem 42 deputados.
A crise política, para ele, é
coisa do passado. "Não vejo
constrangimento [na relação
com o governo] porque o mensalão foi julgado na Câmara, está sendo julgado pela Justiça.
Os partidos não foram extintos
e o governo existe."
Depois da reunião da bancada, Nélio Dias disse que o PP
apresentará as reivindicações a
Lula. Indagado se o partido deve ter participação direta no governo, responde: "Tem que ter.
Isso é uma condição. Se nós somos da base do governo, temos
que fazer parte de uma composição político-partidária".
Obrigado a renunciar para
não perder o mandato, Valdemar Costa Neto (PL-SP) conseguiu eleger-se deputado, mas
afastou-se da presidência do
partido. Após a fusão do PL
com o Prona, o novo partido -
Partido da República (PR) -
passou a ser presidido por Sérgio Tamer (MA), professor universitário e procurador federal.
Mesmo antes de o PR ser homologado, Tamer já declarou
apoio a Lula. Por sua assessoria
de imprensa, disse que só dará
entrevistas após a homologação da fusão pelo TSE. Juntas,
as legendas terão uma bancada
de 25 deputados.
A Folha apurou com filiados
que Valdemar Costa Neto
manterá o comando de parte
significativa da legenda.
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