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País deve olhar para frente, dizem militares
Jobim e comandantes militares afirmam que "olhar para o retrovisor" não ajuda o país; presente ao ato, Genoino se cala
O general Augusto Heleno,
comandante da Amazônia,
diz que "se olharmos para o
retrovisor vai bater; temos
que olhar para a frente"
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em meio à polêmica sobre a
Lei da Anistia, o ministro Nelson Jobim (Defesa) aproveitou
ontem evento que contou com
a presença dos comandantes
das Forças Armadas para mandar um recado velado aos que
defendem a punição aos torturadores da ditadura militar.
Jobim disse que um país que
deseja ser grande tem de "olhar
para frente" e buscar a "coesão"
do seu povo. Após o discurso de
Jobim, o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, disse que "a Lei da Anistia
produziu seus efeitos, precisamos olhar para a frente. Estou
de acordo com o ministro".
O tema divide o governo. Os
ministros Tarso Genro (Justiça) e Dilma Rousseff (Casa Civil), e o secretário de Direitos
Humanos, Paulo Vanucchi,
consideram a tortura um crime
imprescritível. A decisão será
do Supremo Tribunal Federal,
que analisa ação de inconstitucionalidade da OAB sobre a lei.
Jobim aproveitou o lançamento da Frente Parlamentar
da Defesa Nacional para abordar o assunto, citando a presença do deputado José Genoino
(PT-SP): "Essa é uma frente
multipartidária onde se encontra a esquerda e a direita numa
linguagem pouco significativa
no Brasil. Uma frente em que se
encontra alguém que foi preso
pelas Forças Armadas no período militar, como o deputado
Genoino, e os que falavam e
afirmavam a necessidade daqueles atos". E completou:
"Nós não estamos falando com
o passado. Estamos na busca do
grande ajuste de contas do Brasil com seu futuro". Ex-preso
político, Genoino disse que não
irá entrar nessa discussão.
Jobim citou Ulysses Guimarães para reforçar sua posição:
"Ulysses dizia que quem pensa
pequeno fica pequeno. Precisamos pensar grande e de forma
arrogante para nos impormos".
Ele disse que na Constituinte, a
discussão sobre as Forças Armadas ficou reduzida à sua função porque o debate estava
contaminado: "No nosso imaginário, Defesa Nacional estava
vinculada à repressão". Segundo ele, "olhar para o retrovisor"
não vai contribuir para incluir o
assunto na agenda nacional.
O discurso do ministro agradou aos militares. O comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, disse
que "esses ranços não combinam com o Brasil": "Se olharmos para o retrovisor vai bater.
Temos que olhar para a frente".
Jobim disse que a Advocacia
Geral da União (cujo parecer
foi criticado pelo ministro Tarso Genro) é o órgão competente para se posicionar sobre o tema: "O assunto é da AGU, que
tem competência para isso".
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