São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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Toda Mídia

NELSON DE SÁ - nelsondesa@folhasp.com.br

A história impressa

Mal amanheceu e surgiram relatos, na cobertura americana, de que os jornais haviam sumido. O blog City Room contou de uma banca de Nova York que não pôde atender a "centenas" de compradores.
Do "Chicago Tribune" ao "Dallas Morning News", passando pelo "New York Times", muitos tiveram que produzir segundas rodagens, além das tiragens já ampliadas programadas para o dia pós-eleição. Nos três citados, foram 50 mil a mais, cada. O "Chicago-Sun-Times" elevou a tiragem em 50% e depois rodou mais. O blog de Jim Romenesko, uma referência em mídia, noticiou que o "Atlanta Journal-Constitution" precisou mudar seu posto de venda depois que "uma multidão com fome de jornal" tomou o prédio.

 

O site Politico fechou o dia brincando com o título "Como Obama salvou a indústria de jornais". Avisou que o "Washington Post" havia decidido publicar uma edição comemorativa de 150 mil exemplares e que os leitores formavam longa fila no prédio, à espera.
O editor do "WP", em e-mail à redação postado pelo Politico, falou, sobre Obama: "Hoje começa uma nova história. Como vamos cobri-la vai influenciar o futuro do país e o futuro do nosso negócio aqui", o jornal.

A CAPA
www.suntimes.com
Jim Romenesko ressaltou e o blog do artista gráfico Robb Montgomery elegeu como melhor a capa do "Chicago Sun-Times", da cidade de Barack Obama. Com foto em preto-e-branco, foi dada por "clássica e histórica"

CNN, O RETORNO
O blog TV Newser fez até piada, ao postar os dados da audiência na cobertura da noite da eleição, nos Estados Unidos. "Talvez tenham sido os hologramas." A CNN totalizou 12,3 milhões de telespectadores, perdendo por muito pouco de uma única rede, a ABC, que alcançou 13,1 milhões. A rede NBC veio em terceiro, com 12 milhões. Em patamar já mais baixo, no levantamento da Nielson, o canal de notícias Fox News marcou 9 milhões; a rede CBS, 7,8 milhões; e o canal MSNBC, 5,9 milhões. No total, 65 milhões acompanharam a cobertura pela televisão.
Segundo a AP, a CNN dobrou sua audiência em relação à cobertura da eleição presidencial de 2004.

OBAMA & LINCOLN
cagle.com/Reprodução
David Fitzsimmons, do "Arizona Daily Star", e Mike Luckovich, do "Atlanta Journal-Constitution", foram dois de muitos chargistas americanos que associaram as imagens de Barack Obama e de Abraham Lincoln

OBAMA & KING

A segunda inspiração para as charges históricas de ontem foi Martin Luther King, associado a Obama em charges publicadas por Henry Payne, no "Detroit News", e Thomas Boldt, no canadense "Calgary Sun", entre outros

O FIM DA GUERRA CIVIL?
Ecoando o momento histórico, o texto "mais popular" no site do "NYT" foi a coluna de Thomas L. Friedman, que abriu dizendo: "E então veio a se passar que em 4 de novembro de 2008, logo depois das 23h, horário do Leste, a Guerra Civil Americana terminou, quando um negro -Barack Hussein Obama- conquistou votos eleitorais bastantes para se tornar presidente dos Estados Unidos". Guerra que começou 147 anos antes, na Virginia.
A coluna acaba falando de "um novo patriotismo", sobre "o que significa ser um cidadão", hoje -e proclama, ao fechar com estrondo: "Que a reconstrução comece".

LIBERAIS VS.
A exemplo de Friedman, também Fareed Zakaria, que é editor na "Newsweek", diz no "WP" que Barack Obama tem agora a oportunidade de "realinhar a paisagem da nação e criar nova ideologia de governo para o Ocidente". Sugere fugir da "terceira via" de Bill Clinton e da "exaustão do conservadoradorismo" de George W. Bush. Defende um liberalismo moderno.

CONSERVADORES
Por outro lado, no artigo "mais popular" no site do "Wall Street Journal" e num bloco de Neil Cavuto, âncora da Fox News, ambos órgãos conservadores, começou ontem um inusitado esforço de defesa de George W. Bush. Questionam, principalmente, o "tratamento" que recebeu da mídia. Ao fundo, outro tópico: "Sarah Palin é o futuro dos republicanos?".

"TERRORISTA" LÁ
Peter Slevin/washingtonpost.com
Os sites de "WP" e "New Yorker" entrevistaram William Ayers, o ex-Weathermen que voltou a dizer que seus "atos radicais" durante os anos 60 foram contra propriedade, sem ferir ninguém, e que seus contatos com Obama foram superficiais. Ele festejou em Chicago a vitória


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@ - Nelson de Sá



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