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Conselho arquiva mais 2 ações contra Renan
Leomar Quintanilha considerou ineptas as denúncias de que senador espionou colegas e desviou dinheiro de ministérios
Presidente do Conselho de Ética diz que Casa já revelou "o que pensa" sobre Renan; Mesa deve arquivar o último processo contra o senador
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois da absolvição no plenário do Senado, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL)
conseguiu escapar de mais dois
processos de quebra de decoro
sem ter que responder por eles.
O presidente do Conselho de
Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-MS), mandou
arquivar ontem, de forma sumária, duas denúncias contra o
peemedebista.
Com o argumento de que "está na hora de tratar de outra
coisa", Quintanilha acatou parecer do senador Almeida Lima
(PMDB-SE) que considerou
inepta denúncia de que Renan
montou esquema de desvio de
dinheiro em ministérios do
PMDB. O mesmo argumento
foi usado por ele para arquivar
a denúncia de que o senador
mandou espionar colegas para
chantageá-los a votar a seu favor nos processo de cassação.
A Folha apurou que a Mesa
do Senado também já decidiu
arquivar o último processo
contra Renan, num esforço para colocar um ponto final nas
denúncias envolvendo o senador. Nesse caso, ele é acusado
de ter apresentado emenda ao
Orçamento para beneficiar
uma empresa fantasma. A avaliação da Mesa é que não é de
responsabilidade do senador liberar o dinheiro da emenda,
mas do governo federal.
"A Casa mostrou ontem [anteontem] o que pensa sobre o
mandato do senador Renan.
Está na hora de retomarmos a
agenda positiva e nos debruçarmos sobre outras coisas, como a CPMF", declarou Quintanilha.
A oposição acusou a "pizza" e
estuda entrar com recurso para
que as decisões sejam submetidas ao plenário do conselho:
"Pode até não haver argumentos para a condenação, mas o
arquivamento sem ouvir o plenário o partido não vai aceitar",
disse o líder do DEM, senador
José Agripino Maia (RN).
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse que juridicamente a decisão de Quintanilha tem respaldo, mas que politicamente não é possível aceitá-la. "Ele tem o direito de tomar uma decisão monocrática,
mas desrespeitou o conselho.
Estamos avaliando se cabe ou
não recurso", disse.
A oposição e a base governista, no entanto, admitem que
não existe disposição na Casa
para novas investigações sobre
denúncias envolvendo Renan
depois de ele ser ter sido absolvido duas vezes pelo plenário.
"Se já arquivou lá no conselho e
está combinado que a Mesa irá
arquivar o outro, não adianta
ter expectativa. A Casa não
quer cassar o Renan", disse Renato Casagrande.
Quintanilha disse ontem que
se a Mesa do Senado não arquivar a sexta representação contra Renan, ele mesmo o fará.
Senadores avaliaram ontem
que Renan conseguiu escapar
da cassação no caso das rádios
porque, além da orientação do
Palácio do Planalto para que a
base o salvasse, o relatório do
senador Jefferson Péres (PDT-AM) estaria "frágil".
A oposição também não fez
discursos enfáticos na sessão e
a decisão de Renan de renunciar logo no início contribuiu
para o resultado. Nas contas de
um governista, metade da oposição votou com Renan: dos 29
votos pela cassação, 11 seriam
da base e outros 18 da oposição,
que tem 28 representantes.
Após ser absolvido, Renan
seguiu para a casa do senador
José Sarney (PMDB-AP), que
se tornou seu principal conselheiro. Foi cumprimentar dona
Marli, esposa de Sarney, que fazia aniversário.
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