São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Conselho arquiva mais 2 ações contra Renan

Leomar Quintanilha considerou ineptas as denúncias de que senador espionou colegas e desviou dinheiro de ministérios

Presidente do Conselho de Ética diz que Casa já revelou "o que pensa" sobre Renan; Mesa deve arquivar o último processo contra o senador

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois da absolvição no plenário do Senado, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) conseguiu escapar de mais dois processos de quebra de decoro sem ter que responder por eles. O presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-MS), mandou arquivar ontem, de forma sumária, duas denúncias contra o peemedebista.
Com o argumento de que "está na hora de tratar de outra coisa", Quintanilha acatou parecer do senador Almeida Lima (PMDB-SE) que considerou inepta denúncia de que Renan montou esquema de desvio de dinheiro em ministérios do PMDB. O mesmo argumento foi usado por ele para arquivar a denúncia de que o senador mandou espionar colegas para chantageá-los a votar a seu favor nos processo de cassação.
A Folha apurou que a Mesa do Senado também já decidiu arquivar o último processo contra Renan, num esforço para colocar um ponto final nas denúncias envolvendo o senador. Nesse caso, ele é acusado de ter apresentado emenda ao Orçamento para beneficiar uma empresa fantasma. A avaliação da Mesa é que não é de responsabilidade do senador liberar o dinheiro da emenda, mas do governo federal.
"A Casa mostrou ontem [anteontem] o que pensa sobre o mandato do senador Renan. Está na hora de retomarmos a agenda positiva e nos debruçarmos sobre outras coisas, como a CPMF", declarou Quintanilha.
A oposição acusou a "pizza" e estuda entrar com recurso para que as decisões sejam submetidas ao plenário do conselho: "Pode até não haver argumentos para a condenação, mas o arquivamento sem ouvir o plenário o partido não vai aceitar", disse o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN).
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse que juridicamente a decisão de Quintanilha tem respaldo, mas que politicamente não é possível aceitá-la. "Ele tem o direito de tomar uma decisão monocrática, mas desrespeitou o conselho. Estamos avaliando se cabe ou não recurso", disse.
A oposição e a base governista, no entanto, admitem que não existe disposição na Casa para novas investigações sobre denúncias envolvendo Renan depois de ele ser ter sido absolvido duas vezes pelo plenário. "Se já arquivou lá no conselho e está combinado que a Mesa irá arquivar o outro, não adianta ter expectativa. A Casa não quer cassar o Renan", disse Renato Casagrande.
Quintanilha disse ontem que se a Mesa do Senado não arquivar a sexta representação contra Renan, ele mesmo o fará.
Senadores avaliaram ontem que Renan conseguiu escapar da cassação no caso das rádios porque, além da orientação do Palácio do Planalto para que a base o salvasse, o relatório do senador Jefferson Péres (PDT-AM) estaria "frágil".
A oposição também não fez discursos enfáticos na sessão e a decisão de Renan de renunciar logo no início contribuiu para o resultado. Nas contas de um governista, metade da oposição votou com Renan: dos 29 votos pela cassação, 11 seriam da base e outros 18 da oposição, que tem 28 representantes.
Após ser absolvido, Renan seguiu para a casa do senador José Sarney (PMDB-AP), que se tornou seu principal conselheiro. Foi cumprimentar dona Marli, esposa de Sarney, que fazia aniversário.


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