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"Turma de Itajubá" dominava gestão Arruda
Ex-chefe da Casa Civil José Geraldo Maciel e o ex-chefe de gabinete Domingos Lamoglia foram colegas do governador em Minas
Lamoglia já era assessor de Arruda no Congresso desde o escândalo no painel do Senado; Maciel integra seu governo desde o princípio
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois homens de confiança do
governador José Roberto Arruda (DEM), citados na Operação
Caixa de Pandora, têm longa
relação com ele, que remonta à
cidade natal do democrata, Itajubá (MG): Domingos Lamoglia e José Geraldo Maciel.
A Polícia Federal investiga o
chamado mensalão do DEM e
apura a suspeita de repasse de
dinheiro a políticos da base
aliada no Distrito Federal. Em
sua defesa, o governador diz
que foi vítima de uma trama.
Num trecho transcrito no inquérito, Arruda aparece perguntando como está "a despesa
mensal com político". O mensalão teria se desorganizado
com a saída de Lamoglia da
chefia de gabinete do governo
Arruda para assumir uma vaga
no Tribunal de Contas do DF.
"Se ele não vai pegar com o
Domingos, ele vai pegar com
quem?", questionou Arruda sobre um suposto repasse de dinheiro a um político do PP, diz
a PF. "O natural seria com o Fábio, né?", disse o então chefe da
Casa Civil, José Geraldo Maciel, referindo-se a Fábio Simão, novo assessor de Arruda.
Tanto Lamoglia como Maciel
têm longa relação com Arruda.
Na posse de Lamoglia no Tribunal de Contas, no fim de setembro, Arruda disse que ele e
o conselheiro eram "quase a
mesma pessoa", segundo divulgou o próprio órgão.
Lamoglia também é mineiro
e se mudou ainda jovem para
Itajubá, terra natal do governador. Cursou engenharia elétrica na mesma universidade que
Arruda e, segundo aliados, os
dois começaram uma relação
de amizade que se estendeu para o campo profissional. Funcionário de carreira da Companhia Energética de Brasília, Lamoglia ocupou cargos na Câmara Legislativa e na Aneel.
Ele foi ainda assessor de Arruda no Congresso. No escândalo da violação do painel do
Senado, que culminou com a
renúncia de Arruda, ele confirmou ter recebido o envelope
pardo com a lista contendo os
votos secretos dos senadores.
José Geraldo Maciel integra
a gestão Arruda desde o início.
Dirigiu a Saúde antes de ser nomeado para a Casa Civil. Quando assumiu essa cadeira, foi
apresentado como primo e
conterrâneo de Itajubá. Também engenheiro, é ex-presidente da CEB e, segundo políticos, um dos responsáveis pela
ida de Arruda para Brasília.
O ex-secretário Durval Barbosa disse que Arruda apresentava Lamoglia como um de seus
"legítimos representantes" e
que Maciel pagava R$ 400 mil
por mês a alguns deputados.
A Folha tentou contato com
os dois. O Tribunal de Contas
informou que Lamoglia está
em licença médica. A secretária
de Maciel disse que ele não se
pronunciará no momento.
(FERNANDO BARROS DE MELLO)
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