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MARKETING
Paulo de Tarso Santos foi o responsável pela campanha do petista nas eleições presidenciais de 1989 e de 1994
Ex-marqueteiro de Lula cuida agora de FHC
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após quase três anos, o presidente Fernando Henrique Cardoso volta a ter um marqueteiro para cuidar de sua imagem pessoal e
de seus discursos e pronunciamentos. O trabalho ficará a cargo
do publicitário Paulo de Tarso da
Cunha Santos, que tem no currículo a coordenação das duas primeiras campanhas de Lula (89 e
94) à Presidência.
A Folha apurou que Paulo de
Tarso foi contratado recentemente, apesar da resistência do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo, Andrea Matarazzo. "Não pude evitar", afirmou Matarazzo semana passada,
durante reunião de planejamento
das estratégias de comunicação
do governo, à qual, no entanto, o
recém-contratado marqueteiro
não compareceu.
Por intermédio de sua assessoria, Matarazzo negou à Folha a
contratação de Paulo de Tarso pela Secretaria de Comunicação.
Uma possibilidade é que ele seja
contratado de forma indireta, ou
seja, por meio de uma agência de
publicidade que presta serviço a
algum órgão do governo. O valor
de seu contrato também não foi
revelado por Matarazzo.
Paulo de Tarso tem 30 anos de
profissão. É presidente da Tarso
Loducca Consultoria e Comunicação Institucional, com sede em
São Paulo, que tem como sócio o
também publicitário Celso Loducca, da Loducca Publicidade
S/A. O novo marqueteiro presidencial trabalha com assessoria
política desde 1982, quando participou da campanha vitoriosa de
Franco Montoro ao governo de
São Paulo.
Na primeira campanha de Lula,
foi ele quem criou a "Rede Povo",
apontada como responsável por
parte da elevação de intenção de
votos de 5% para 43% do candidato petista. Depois fez a campanha de Luiza Erundina à Prefeitura de São Paulo em 1988 e assessorou o ex-governador do Distrito
Federal Cristovam Buarque, do
PT, até deixar a tarefa por não
conseguir impedir a sua queda de
popularidade no cargo.
Mais recentemente, Paulo de
Tarso coordenou a campanha da
reeleição do governador do Paraná, Jaime Lerner (1998), e do prefeito Cássio Taniguchi, de Curitiba (2000) -ambos do PFL.
Estréia no Natal
Segundo a Folha apurou, o nome de Paulo de Tarso foi indicado
para "avaliação" de Matarazzo no
ano passado. A sugestão teria vindo do ministro Pedro Parente
(Casa Civil). Matarazzo iniciou
então uma série de consultas e o
convidou para dar sugestões na
mensagem de Natal do presidente, que foi ao ar em cadeia de rádio
e TV no dia 24 de dezembro.
Paulo de Tarso foi um dos responsáveis pelo texto da mensagem e incluiu nele referências religiosas e de tom popular, normalmente não usadas pelo presidente, como as seguintes frases: "Há
2.000 anos, com o nascimento de
Jesus, o mundo viu nascer também uma palavra de amor, de
perdão e de solidariedade" e "Que
Deus nos proteja".
Também foi dele a idéia de gravar o pronunciamento no escritório particular de FHC, localizado
na área íntima do Palácio da Alvorada. Em geral, as gravações eram
feitas na biblioteca -local que ele
considerou sisudo demais. Ele
também colocou FHC de lado para a câmera.
O novo marqueteiro ocupará as
tarefas que cabiam ao publicitário
Geraldo Walter, morto em março
de 1998, então sócio da DM9 e responsável pela primeira campanha
de FHC à Presidência, em 1994.
Ironicamente, Paulo de Tarso
substituirá aquele que lhe impingiu a segunda derrota na tentativa
de Lula chegar ao Palácio do Planalto. Geraldo Walter era amigo
pessoal de FHC e atuava também
como conselheiro político.
Na nova função, Paulo de Tarso
terá como tarefas cuidar do marketing pessoal do presidente. Na
prática, do que ele fala em entrevistas e discursos, de quantas vezes deverá aparecer em público,
dos textos e artigos que publica e
até mesmo do visual de FHC.
Nesse aspecto, conta com a resistência de assessores próximos
ao presidente.
"FHC é o maior marqueteiro de
si próprio e ele sabe bem o que fazer há 18 anos", afirmou um deles
à Folha, demonstrando contrariedade com a contratação do
marqueteiro.
Paulo de Tarso terá como tarefa
mudar o maior problema de comunicação de FHC: conseguir exposição na mídia com notícias de
impacto. É o que faz bem, por
exemplo, o presidente do Senado,
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Procurado pela Folha em seu
escritório, Paulo de Tarso respondeu por meio de sua secretária
que, "no momento, não está desenvolvendo nenhuma campanha" para a Presidência. Não falou de assessoria ou consultoria,
no entanto.
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