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Manutenção é instrumento de negociação
DA REDAÇÃO
Para pesquisadores, a não-conversão de medidas provisórias em lei faria parte da
estratégia do governo.
Para Argelina Figueiredo,
da Unicamp, as reedições
das MPs permitem barganhas com os partidos da base aliada no Congresso.
Em vez de representarem
omissão do Congresso em
votar as medidas, as reedições podem se tornar instrumentos de coordenação política. "As alterações na reedição se tornam objetos de
negociação constante com
os partidos", afirma. "Ela se
torna um instrumento importante para facilitar a negociação com os partidos de
coalizões majoritárias."
Medidas importantes, como a do real e a da privatização dos bancos, teriam o status de lei devido ao alto custo
político de uma eventual
tentativa de reversão.
"Dependendo de sua natureza, a MP altera o status
quo. Como a reversão é impossível, o Congresso passa
a agir na manutenção da
norma", afirma Argelina.
Para os partidos, a manutenção de MPs poderia deixar para o Executivo o estigma de medidas impopulares. "Isso não impede a política macroeconômica geral,
e não desagrada a base social
dos partidos", diz.
Carlos Ranulfo Melo, da Universidade Federal de Minas Gerais, afirma que a não-votação pelo Congresso só é possível porque o governo tem um controle bastante forte sobre a base de apoio.
"Para o governo, e às vezes
também para o Congresso,
pode ser interessante não
votar. O governo vai reeditando a medida e isso deixa
de ser um problema."
Segundo ele, a preocupação do governo, hoje, é com
a aprovação da emenda
constitucional que limita a
reedição de MPs. Ele diz não
acreditar na possibilidade de
o projeto ser votado na Câmara durante a convocação
extraordinária de janeiro.
Para Melo, a reedição de
MPs antigas não seria prejudicada pela emenda.
"Essa emenda só vai vigorar para medidas futuras,
não para as anteriores. Então o governo pode seguir
editando indefinidamente,
sem problemas."
(MS)
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