São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2007

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Governo de SP quer vender imóveis para gerar receita

Segundo secretário da Fazenda, 329 edificações do Estado têm venda autorizada

Gestão deve apostar em PPP como fonte de receita, ao lado da cobrança de taxa do banco que administrar as contas dos servidores

Flavio Florido-6.dez.2006/Folha Imagem
O secretário Ricardo Mauro


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Disposto a ampliar a capacidade de investimento do Estado, o governo de São Paulo prepara um programa de venda de seus imóveis. O produto da venda será aplicado diretamente em obras ou destinado, como garantia, aos projetos em PPPs (Parceria Público-Privada).
"Vamos fazer um levantamento de todo o patrimônio e estruturar um programa de desimobilização, ou seja alienação desse patrimônio. Aquilo que não é utilizado pelo Estado, aquilo em que o Estado não tem interesse, venda. Para que ficar com isso? Isso tem que se transformar em investimento", defende o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa.
Batizado de "programa de desimobilização", o projeto já tem um ponto de partida: a lista de 329 imóveis cuja venda foi legalmente autorizada para alimentar a Companhia Paulista de Parceria (CPP), dando lastro às obras por meio de PPP.
"Já existe uma lista de imóveis para aporte de recursos para a CPP. Vamos começar por aí", disse o secretário, segundo o qual a venda dos imóveis pode engrossar o capital da CPP ou permitir investimento direto.
Somado, o valor estimado desses imóveis chegaria a R$ 382,9 milhões. Mas, como o montante foi fixado em 2004 (ano da criação da CPP), e cada propriedade é submetida à avaliação antes da venda, a receita pode ser maior.
A CPP nasceu em 2004, com a lei das PPPs, como um instrumento de atração de investimentos privados. Quanto maior seu capital, lembra Mauro Ricardo, maior a capacidade de captação de recursos.
Abastecida pelo produto da venda das ações da Sabesp, a companhia pode emitir papéis (debêntures) para oferecer garantias e comprar ativos para participar de projetos de parceria. Como a CPP não é sustentada pelo Tesouro, está fora do limite de endividamento do Estado e também pode obter empréstimos.

Imóveis doados
Os imóveis selecionados para engrossar seu capital foram doados por departamentos como o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) ou DAEE (Águas e Energia Elétrica). No ano passado, o Estado já arrecadou R$ 52 milhões com a venda de parcela desses imóveis, boa parte deles em terrenos na bem avaliada Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, na capital.
Mas alguns imóveis relacionados -como a própria sede da secretaria da Fazenda ou o imponente casarão da secretaria de Segurança, em Higienópolis- dificilmente serão postos à venda. Poderão, no entanto, ser usados como garantia de que o Estado honrará com seus compromissos nas parcerias.

Fontes de receita
Segundo o secretário, as concessões e as PPPs serão as principais fontes de receita extraordinária neste ano. Outra é a cobrança de pagamento à instituição financeira que vier a administrar as contas dos servidores do Estado. O governo poderá exigir que a Nossa Caixa pague por esse direito ou promover um leilão. "A única certeza que temos é que esse é um ativo do Estado importante. Ativo é um ativo. Vale dinheiro e pertence à população do Estado de São Paulo", disse ele.
A venda de 20% das ações da Nossa Caixa -excedentes ao controle do Estado- não está descartada. Porém, segundo Mauro Ricardo, a discussão está suspensa.
As fórmulas em estudo são uma tentativa de resistir à asfixia dos cofres do Estado. Segundo Mauro Ricardo, de cada R$ 1 de ICMS arrecadado, R$ 0,94 estão comprometidos seja pelo repasse aos municípios (R$ 0,25), pela vinculação de recursos (R$ 0,32) ou em serviços da dívida (R$ 0,10).
O Estado só tem mobilidade para definir o destino de R$ 0,06 de cada real arrecadado. Como a previsão de receita de ICMS é de R$ 58 bilhões, o governo teria liberdade sobre R$ 3,5 bilhões, tanto para investimento como para custeio.


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