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Renúncia fiscal em MT supera gasto com saúde, aponta TCE
Para secretário, política de incentivo traz "riqueza e desenvolvimento" ao Estado
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Relatório técnico do TCE
(Tribunal de Contas do Estado)
de Mato Grosso aponta que a
concessão de incentivos fiscais
vem crescendo desde a posse
do governador Blairo Maggi
(PR), em 2003, e nos últimos
anos atingiu mais de R$ 1,08 bilhão -mais do que o previsto
nos orçamentos de saúde e segurança e semelhante ao total
destinado à educação.
A pedido da Assembleia Legislativa, oito auditores do tribunal analisaram as renúncias
fiscais concedidas pelo Estado
entre 1998 e 2008 e concluíram
que, embora o ritmo de crescimento dos benefícios no atual
governo tenha superado a expansão do PIB e da arrecadação
tributária, isso não se refletiu
na geração de empregos, uma
das justificativas oficiais para a
ampliação das medidas.
"Nem o produto econômico,
nem o volume de empregos
cresceram como seria desejável, tendo em vista o volume de
concessões feitas e de compromissos firmados pelos beneficiários", diz um trecho.
O relatório diz que os incentivos beneficiam principalmente a indústria de transformação e o setor agropecuário,
que não ocupam o topo do ranking da geração de empregos no
Estado -a posição é dos segmentos de comércio, serviços e
construção civil, para os quais
não há programas específicos.
"A agropecuária [...] gerou
apenas 16% dos novos empregos em 2008. Quanto à indústria da transformação, essa foi
responsável por apenas 32 postos de trabalho a mais", aponta.
O estudo constatou que a maior
parte dos incentivos foi destinada a poucas empresas e cidades. Dos mais de R$ 450 milhões de incentivos concedidos
em 2008 pela Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e
Energia, 20% foram destinados
a apenas quatro empresas.
A concessão dos benefícios
está atrelada a contrapartidas,
como a geração de empregos e a
capacitação de mão de obra.
Estudos revelaram falhas na
verificação e cobrança das exigências. O texto cita empresas
que cumpriram menos da metade das metas de geração de
empregos e que, ainda assim, tiveram o benefício renovado.
"Pedimos e não conseguimos
obter a fonte das informações
contidas nos balanços apresentados pelo governo, o que nos
leva a crer que as contrapartidas previstas estavam sendo
contabilizadas sem verificação
in loco", disse à Folha o auditor
Luiz Henrique Lima, que chefiou o trabalho.
Outro lado
O secretário da Fazenda de
Mato Grosso, Eder Moraes, disse que o governo vê "com bons
olhos" o relatório e que o documento poderá servir para
"aprimorar os programas", mas
afirmou que não é possível uma
"avaliação correta" dos resultados obtidos até agora.
"É possível que alguns segmentos estejam gerando menos empregos do que o esperado. Mas o fato é que nosso PIB
passou de R$ 20 bilhões em
2003 para R$ 42 bilhões em
2007. Ou seja, as políticas de incentivo têm correspondido em
termos de geração de riqueza e
desenvolvimento", declarou.
A cada R$ 1 destinado a renúncias fiscais, disse ele, o Estado recebe R$ 7 em investimentos diretos.
Sobre o descumprimento de
contrapartidas, Moraes afirmou que muitas metas foram
afetadas por crises econômicas
recentes. Ele disse que o governo manterá a atual política.
Sobre a comparação com orçamentos de outras áreas, disse: "Vai chegar o momento em
que vamos recuperar o que
abrimos mão nesses anos".
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