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CRIME EM ALAGOAS
Unicamp vai comparar gravação com voz de Talvane Albuquerque, acusado de mandar matar deputada
Câmara investiga diálogo com pistoleiro
DENISE MADUEÑO
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
A Câmara dos Deputados enviou
ontem para análise da Unicamp fita entregue pelo deputado Augusto Farias (PFL-AL) com diálogo
que seria entre o deputado federal
Talvane Albuquerque (PFL-AL) e
o pistoleiro Maurício Novaes, o
"Chapéu de Couro".
Talvane é suspeito de ser o mandante da morte da deputada Ceci
Cunha (PSDB-AL), em 16 de dezembro do ano passado.
No principal trecho da fita, há o
seguinte diálogo:
"Olha, doutor, já tô com um litro
de mel, já tô com o rapaz, com um,
sabe? Agora, qual o jeito que o sr.
quer? Três? Como é?", pergunta
supostamente "Chapéu de Couro". "Dois tá bom, três tá bom,
né?", responde a voz identificada
como de Talvane. "Três, né?", diz
supostamente "Chapéu de Couro". "A gente tem tudo preparado
para dois", responde supostamente Talvane.
"Preparado para dois, né?" é a
pergunta. "Vestimenta, tudo" é a
resposta. "Eu sei. Tudo certo? Tudo, tudo para nós ficarmos em Maceió? Lá pro careca", diz supostamente "Chapéu de Couro".
Na versão de Farias, "litro de
mel" significa pistoleiro e "careca"
é ele próprio. Segundo o deputado,
a conversa demonstra o acerto entre Talvane e o pistoleiro para matá-lo. Cabia aos assessores de Talvane vigiá-lo para orientar os pistoleiros.
No trecho entregue à Mesa da
Câmara, os interlocutores marcam
um novo telefonema para o dia seguinte, quando seriam acertados
detalhes. Seguem-se ligações para
o gabinete de Talvane em Brasília.
O assessor de nome Jadielson
combina de se encontrar com
"Chapéu de Couro" para dar seguimento a uma ação. O texto não
fala explicitamente em assassinato. Segundo Farias, os diálogos
aconteceram nos dias 11 e 12 de novembro.
Talvane não quis comentar o
conteúdo da fita. Afirmou que estava em uma sapataria no shopping Pátio Brasil em Brasília e não
se lembra de ter falado em litro de
mel. O deputado nega ter contratado o pistoleiro para matar Farias.
A Câmara criou ontem uma comissão de sindicância para investigar, num prazo de 15 dias, o suposto envolvimento de Talvane na
morte de Ceci Cunha.
A fita não foi suficiente para pedir a cassação do mandato do parlamentar. A Unicamp (Universidade de Campinas) vai analisar se
a voz é de Talvane. A comparação
será feita com a gravação do discurso que ele fez anteontem na Câmara para se defender da suspeita
de ser o mandante do crime.
"Não há declaração explícita. A
conversa não foi tão clara a ponto
de incriminar em definitivo. Daí a
razão para abertura de sindicância", afirmou o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
O deputado Augusto Farias foi à
presidência da Câmara acompanhado pelo ministro da Justiça,
Renan Calheiros, e do presidente
do PSDB, Teotonio Vilela Filho,
ambos de Alagoas.
Teotonio afirmou que Farias está
colaborando nas investigações sobre a morte da deputada.
Talvane Albuquerque pediu desligamento do PFL ontem. "Poupou-me o trabalho de ter de expulsá-lo", disse o presidente do partido, Jorge Bornhausen.
A Mesa da Câmara decidiu dar
início às investigações imediatamente para ganhar tempo. Em fevereiro, o novo Congresso tomará
posse, poderá aproveitar as investigações, mas terá de abrir um novo processo.
Mesmo sendo investigado pela
Câmara, Talvane deverá assumir a
vaga de Ceci na próxima legislatura. Segundo Temer, no entanto, ele
não tomará posse no dia 1º de fevereiro.
Clique aqui para
ouvir a íntegra da gravação.
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computador o plug-in RealPlayer. Clique
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