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Cartão banca contas de luxo das universidades federais
Gastos em restaurantes e padarias de alto padrão e até loja de festas constam nas faturas
UnB é campeã de gasto, com R$ 1,35 milhão em 2007; foi seguida pela instituição federal do Piauí (R$ 402,8 mil) e Unifesp (R$ 291 mil)
LUCAS FERRAZ
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os cartões de crédito corporativos do governo foram usados por servidores de universidades federais para pagar contas de mais de R$ 1.000 em restaurantes de luxo, em São Paulo e Brasília, além de compras
em padarias de alto padrão e
em lojas de festas.
Há inúmeros saques em dinheiro, prática de difícil fiscalização e que foi restringida em
decreto publicado ontem no
"Diário Oficial". Tais atos são
irregulares, segundo o ministro
Jorge Hage, da CGU (Controladoria Geral da União), que investiga o uso dos cartões.
O reitor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo),
Ulysses Fagundes Neto, gastou
boa parte de sua fatura de R$
9.500 em restaurantes, segundo o Portal da Transparência
mantido pela CGU (www.portaltransparencia.gov.br).
Só em São Paulo, Ulysses freqüentou o A Figueira Rubaiyat
(R$ 1.798,39), a churrascaria
Os Gaudérios (R$ 1.100 mil) e
os restaurantes Tournegrill
(R$ 1,28 mil) e Charlô (R$ 676).
Em Brasília, passou pelo Zuu
aZ. dZ. (R$ 533,48), um dos
mais caros da cidade, e pelo
Piantella (R$ 203), famoso por
ser freqüentado por políticos.
A UnB (Universidade de Brasília) é, historicamente, a campeã de gastos. Só em 2007 registrou R$ 1,35 milhão, 36% do
total despendido pelas instituições, ou R$ 3,7 milhões. Ela é
seguida pela Universidade Federal do Piauí (R$ 402,8 mil) e
pela Unifesp (R$ 291,2 mil).
Se contabilizados os gastos
entre 2004 -primeiro ano disponível no Portal da Transparência- e dezembro de 2007, a
UnB gastou com os cartões R$
3,4 milhões. Esse total representa 31% das despesas feitas
com cartões corporativos pelo
Ministério da Educação e órgãos ligados à pasta no período.
Em 2007, a UnB despendeu
quase um quarto do total executado com os cartões pela pasta comandada por Fernando
Haddad (R$ 5,5 milhões). Ainda na UnB, o assistente do reitor Timothy Mulholland, Wilde José Pereira, utilizou seu
cartão para compras em padarias, supermercados e na loja
de artigos para festas Splash
Party, onde gastou R$ 1.010 em
novembro passado.
Em um único dia, Pereira pagou R$ 800 e R$ 372,25 nas
confeitaria Monjolo e na padaria Pão Italiano, respectivamente, além de R$ 53,22 no supermercado Big Box. Em 2007,
ele gastou na Monjolo R$
4.100. No ano anterior, no mesmo estabelecimento, o cartão
corporativo pagou R$ 3.395,77.
Pereira também sacou dinheiro em espécie: R$ 7.940.
O reitor da Unifesp também
gastou mais de R$ 1.000 em
uma farmácia em São Paulo,
mas alega que ressarciu o dinheiro. Sua assessoria encaminhou à Folha um guia de recolhimento da União, quando ele
devolveu, só em dezembro, os
R$ 614,61 de uma compra feita
quase um ano antes, em janeiro
de 2007. Não foi esclarecida a
despesa, na mesma farmácia,
de R$ 447,44, realizada em julho. A assessoria não soube informar se o valor foi ressarcido.
A alta soma de saques em dinheiro também é verificada na
Universidade Federal do Piauí,
a segunda entidade que mais
usou o cartão em 2007. Do total gasto (R$ 356.772), 99,8%
(R$ 356.047) foram sacados
em caixas eletrônicos. A funcionária responsável pela cartão da reitoria sacou R$ 5.500.
As universidades federais,
que têm autonomia administrativa, usam os cartões corporativos para os mesmos fins
que outras áreas ou órgãos da
administração federal, ou seja,
indicados para despesas emergenciais e de pequeno valor.
A assessoria do MEC informou que as próprias instituições são responsáveis por fiscalizar o uso dos cartões. Elas
devem responder por eventuais irregularidades a órgãos
com CGU e TCU (Tribunal de
Contas da União). A CGU disse
que analisará os casos.
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