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Nova TV Pública dobra gastos diários em relação à Radiobrás
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A TV Brasil, emissora lançada pelo governo federal há quatro meses e cuja criação ainda
depende de votação pelo Congresso, estreou gastando alto
no cartão corporativo.
A nova rede gastou com cartão R$ 14.505 em um período
de 83 dias entre 10 de outubro
de 2007, quando foi criada por
medida provisória, e 31 de dezembro. A média diária, de R$
174,75, é mais que o dobro da
registrada antes da MP pela antecessora, a Radiobrás, cuja
despesa de janeiro a outubro ficou em R$ 21.120.
Em 2007, todos os gastos, antes ou depois da nova emissora,
foram feitos em dinheiro vivo,
por meio de saques de oito servidores administrativos da Radiobrás. O destino do dinheiro
não é aferível.
No Portal da Transparência,
os cartões que bancam os gastos da nova TV ainda aparecem
em nome da Radiobrás. Isso
porque, apesar de a MP dizer
que a antiga empresa fica incorporada à nova, isso ainda depende de uma assembléia e
uma auditoria, o que deve ocorrer ainda neste semestre. O governo espera a aprovação da
MP pelos parlamentares.
A votação na Câmara deve
ocorrer até o final do mês e sua
aprovação deve ser tranqüila.
No Senado, a oposição decidiu
centrar fogo na nova emissora.
"O que aconteceu no final do
ano passado é provavelmente
já o efeito da nova TV Brasil. O
aumento no gasto é decorrência do aumento das atividades,
sobretudo jornalísticas, da nova emissora", disse José Roberto Garcez, presidente da Radiobrás -que ainda não está formalmente extinta, o que dependerá de uma assembléia a
ser feita neste semestre.
No seu primeiro ano, a TV
Brasil terá orçamento de cerca
de R$ 350 milhões, mas o valor
pode aumentar. O relator da
MP, deputado Walter Pinheiro
(PT-BA), cogita destinar à
emissora parte dos recursos do
Fistel (Fundo de Fiscalização
das Telecomunicações), que arrecada R$ 2 bilhões por ano.
Segundo Garcez, os saques
com os cartões se destinam
unicamente a financiar viagens
para trabalho jornalístico. Os
cartões começaram a ser usados na empresa em março de
2006. Naquele ano foram registrados pagamentos usando o
cartão. Um deles, no valor de
R$ 36, foi feito na PB Colchões,
loja em Brasília. Segundo um
atendente, apenas colchões são
comercializados na loja. Garcez
disse que não sabia o motivo do
gasto e que iria verificar.
Procurada pela Folha, Tereza Cruvinel, presidente da Empresa Brasil de Comunicação,
nome oficial da TV pública, disse que a explicação para os gastos cabe apenas à Radiobrás.
Segundo ela, a sua empresa não
tem cartões.
(FÁBIO ZANINI)
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