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Viagem de Jobim à Rússia acaba sem acordo
Três principais temas eram construção de submarino nuclear, compra de caças e instalação de fábrica
RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
Os ministros Nelson Jobim
(Defesa) e Mangabeira Unger
(Assuntos Estratégicos) encerraram ontem a viagem à Rússia
sem fechar acordos com o governo russo em torno dos três
principais pontos das conversas: a construção de um submarino nuclear brasileiro, a compra de caças para a Aeronáutica e a instalação de uma fábrica de
blindados no Sul do Brasil.
Em entrevista no final de semana, em São Petersburgo
(634 km de Moscou), Jobim havia dito que as negociações do
Brasil sobre o submarino estavam mais avançadas com a
França, e que os russos teriam
ficado "assustados" sobre a hipótese de uma transferência de
tecnologia. Ele deu indicações
de que os franceses seriam os
eventuais parceiros do Brasil.
Em Moscou não foi assinado
nenhum acordo bilateral Brasil-Rússia. Há expectativa de
que no futuro se firme um termo simples de cooperação militar que envolva reduzir as exigências da burocracia no controle da circulação de pessoal
militar nos dois países.
Jobim não concedeu entrevista à Folha após as reuniões
realizadas em Moscou entre
segunda-feira e quarta-feira.
No último domingo, a reportagem mostrou que todas as despesas de Jobim, de sua mulher,
Adriane, e de oito funcionários
de diversos ministérios, durante o final de semana em São Petersburgo, foram bancadas pelo governo russo, dono das indústrias de armamentos que
pretendem vender submarinos, caças e blindados.
O ministro disse que viajara
a convite do ministério russo e
não viu problemas no patrocínio da viagem. Antes da reportagem, Jobim havia dito que faria um contato diário com a imprensa para falar sobre as reuniões em Moscou.
Ontem à tarde a comitiva
deixou Moscou num jato Legacy da FAB (Força Aérea Brasileira), mas passará um dia em
Madrid, na Espanha, antes de
chegar ao Brasil. A agenda de
Jobim divulgada ontem informou que ele teria uma "escala"
na capital espanhola, "sem
compromissos oficiais". A
agenda divulgada no início da
viagem dizia que a parada de
Jobim tem por objetivo um
jantar com o ex-ministro da
Defesa José Viegas, atual embaixador na Espanha.
Procurada sobre a divergência, a assessoria informou que
procurou "enfatizar na agenda
que não estava previsto encontro com o governo espanhol".
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