São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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Viagem de Jobim à Rússia acaba sem acordo

Três principais temas eram construção de submarino nuclear, compra de caças e instalação de fábrica

RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

Os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) encerraram ontem a viagem à Rússia sem fechar acordos com o governo russo em torno dos três principais pontos das conversas: a construção de um submarino nuclear brasileiro, a compra de caças para a Aeronáutica e a instalação de uma fábrica de blindados no Sul do Brasil.
Em entrevista no final de semana, em São Petersburgo (634 km de Moscou), Jobim havia dito que as negociações do Brasil sobre o submarino estavam mais avançadas com a França, e que os russos teriam ficado "assustados" sobre a hipótese de uma transferência de tecnologia. Ele deu indicações de que os franceses seriam os eventuais parceiros do Brasil.
Em Moscou não foi assinado nenhum acordo bilateral Brasil-Rússia. Há expectativa de que no futuro se firme um termo simples de cooperação militar que envolva reduzir as exigências da burocracia no controle da circulação de pessoal militar nos dois países.
Jobim não concedeu entrevista à Folha após as reuniões realizadas em Moscou entre segunda-feira e quarta-feira. No último domingo, a reportagem mostrou que todas as despesas de Jobim, de sua mulher, Adriane, e de oito funcionários de diversos ministérios, durante o final de semana em São Petersburgo, foram bancadas pelo governo russo, dono das indústrias de armamentos que pretendem vender submarinos, caças e blindados.
O ministro disse que viajara a convite do ministério russo e não viu problemas no patrocínio da viagem. Antes da reportagem, Jobim havia dito que faria um contato diário com a imprensa para falar sobre as reuniões em Moscou.
Ontem à tarde a comitiva deixou Moscou num jato Legacy da FAB (Força Aérea Brasileira), mas passará um dia em Madrid, na Espanha, antes de chegar ao Brasil. A agenda de Jobim divulgada ontem informou que ele teria uma "escala" na capital espanhola, "sem compromissos oficiais". A agenda divulgada no início da viagem dizia que a parada de Jobim tem por objetivo um jantar com o ex-ministro da Defesa José Viegas, atual embaixador na Espanha.
Procurada sobre a divergência, a assessoria informou que procurou "enfatizar na agenda que não estava previsto encontro com o governo espanhol".


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