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Lula escuta apelos pela reforma agrária durante enterro de deputado no RS
Daniel Marenco/Ag. RBS/Folha Imagem"
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Presidente Lula acompanha a cerimônia de sepultamento do corpo do deputado Adão Pretto em cemitério de Porto Alegre
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O funeral do deputado federal Adão Pretto (PT-RS), morto anteontem vítima de pancreatite, transformou-se em
um ato pró-reforma agrária.
Sob bandeiras de movimentos
sociais, cerca de mil pessoas
se reuniram no cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre,
em cerimônia que mesclou
serviço religioso e política.
O presidente Lula viajou à
cidade junto com sete ministros e ouviu cobranças pela reforma agrária. A mais incisiva
delas partiu do bispo de Goiás
e conselheiro da CPT (Comissão Pastoral da Terra), dom
Tomás Balduíno.
"Nossa reforma agrária cadê?", questionou o bispo ao
discursar na capela, diante de
Lula. "Ele [Pretto] deve estar
se perguntando a quem de direito", afirmou dom Tomás.
De origem camponesa,
Adão Pretto, 63, foi fundador
do MST no Rio Grande do Sul
e cumpria o quinto mandato
na Câmara dos Deputados.
Citando uma parábola do
evangelho de Mateus (13:24),
o bispo comparou a agricultura familiar ao trigo e o agronegócio ao joio. dom Tomás
também disse que o "trigo virou minoria no Congresso" e
criticou a governadora Yeda
Crusius (PSDB-RS) por, segundo ele, reprimir organizações populares. Foi interrompido por aplausos três vezes.
Um dos filhos do congressista, Edgar Pretto também se
dirigiu ao presidente, em discurso: "Que o senhor use todos os instrumentos que tem
para fazer a reforma agrária".
Com os olhos marejados,
Lula foi o último orador e não
se referiu às cobranças. Lembrando que era amigo do deputado há mais de 30 anos, o
presidente citou o episódio da
morte de sua mãe, em 1980,
no período em que estava preso por exercer atividade sindical, para se referir ao sentimento de perda da família
diante da morte.
"Um homem não vale pela
quantidade de discursos que
fez, pela quantidade de anos
que viveu; nós seres humanos
valemos pela qualidade de vida, pelos compromissos e lutas que temos em vida", disse.
Após abraçar os filhos do
deputado, o Lula deixou o cemitério em direção ao aeroporto sem falar com jornalistas. Coube à ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil), ao fim
da cerimônia, defender a política fundiária do governo.
"A reforma agrária é uma
meta. Nós realizamos bastante até porque o honramos o
Adão Pretto", falou a ministra.
Dilma e o ministro Márcio
Fortes (Cidades) cancelaram
um evento de inauguração de
obra do Programa de Aceleração do Crescimento, prevista
para ontem em São Leopoldo
(região metropolitana de Porto Alegre). O governo gaúcho
decretou luto de três dias pela
morte do congressista.
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