São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2009

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Lula escuta apelos pela reforma agrária durante enterro de deputado no RS

Daniel Marenco/Ag. RBS/Folha Imagem"
Presidente Lula acompanha a cerimônia de sepultamento do corpo do deputado Adão Pretto em cemitério de Porto Alegre

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O funeral do deputado federal Adão Pretto (PT-RS), morto anteontem vítima de pancreatite, transformou-se em um ato pró-reforma agrária. Sob bandeiras de movimentos sociais, cerca de mil pessoas se reuniram no cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre, em cerimônia que mesclou serviço religioso e política.
O presidente Lula viajou à cidade junto com sete ministros e ouviu cobranças pela reforma agrária. A mais incisiva delas partiu do bispo de Goiás e conselheiro da CPT (Comissão Pastoral da Terra), dom Tomás Balduíno.
"Nossa reforma agrária cadê?", questionou o bispo ao discursar na capela, diante de Lula. "Ele [Pretto] deve estar se perguntando a quem de direito", afirmou dom Tomás.
De origem camponesa, Adão Pretto, 63, foi fundador do MST no Rio Grande do Sul e cumpria o quinto mandato na Câmara dos Deputados.
Citando uma parábola do evangelho de Mateus (13:24), o bispo comparou a agricultura familiar ao trigo e o agronegócio ao joio. dom Tomás também disse que o "trigo virou minoria no Congresso" e criticou a governadora Yeda Crusius (PSDB-RS) por, segundo ele, reprimir organizações populares. Foi interrompido por aplausos três vezes.
Um dos filhos do congressista, Edgar Pretto também se dirigiu ao presidente, em discurso: "Que o senhor use todos os instrumentos que tem para fazer a reforma agrária".
Com os olhos marejados, Lula foi o último orador e não se referiu às cobranças. Lembrando que era amigo do deputado há mais de 30 anos, o presidente citou o episódio da morte de sua mãe, em 1980, no período em que estava preso por exercer atividade sindical, para se referir ao sentimento de perda da família diante da morte.
"Um homem não vale pela quantidade de discursos que fez, pela quantidade de anos que viveu; nós seres humanos valemos pela qualidade de vida, pelos compromissos e lutas que temos em vida", disse.
Após abraçar os filhos do deputado, o Lula deixou o cemitério em direção ao aeroporto sem falar com jornalistas. Coube à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), ao fim da cerimônia, defender a política fundiária do governo.
"A reforma agrária é uma meta. Nós realizamos bastante até porque o honramos o Adão Pretto", falou a ministra.
Dilma e o ministro Márcio Fortes (Cidades) cancelaram um evento de inauguração de obra do Programa de Aceleração do Crescimento, prevista para ontem em São Leopoldo (região metropolitana de Porto Alegre). O governo gaúcho decretou luto de três dias pela morte do congressista.


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