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Pós-governo, Lula planeja militância internacional
DA REPORTAGEM LOCAL
A maior inquietação daqueles que hoje completam três décadas dentro do PT parece ser
qual papel o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, principal
referência da sigla, terá nas instâncias partidárias ao término
de seu segundo mandato.
É Lula quem traçará o próprio rumo, repetem dez de cada
dez petistas. Porém, os que conhecem o presidente na intimidade e o acompanham desde a
fundação do PT não têm dúvida: ele não almeja o posto de
oráculo do partido nem deverá
se propor a ser a sombra de um
eventual governo de Dilma
Rousseff, caso vença a eleição.
As homenagens e os títulos
internacionais recém-concedidos a Lula, sobretudo o de estadista global no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça,
o coloca num patamar que os
petistas definem hoje como o
de "militante internacional".
"Não cabe a um ex-presidente agir como chefe de partido, e
Lula tem dito que quer colaborar em atuações fora do Brasil",
confidenciou um petista próximo ao presidente.
Para o governador de Sergipe, Marcelo Déda, companheiro histórico do presidente, Lula
terá que decidir se fará "uma
militância mais ampla que o PT
ou uma militância partidária".
E o próprio Déda responde:
"Lula é hoje um estadista que
não é do "mainstream", mas
com o pé no Terceiro Mundo.
Abre-se aí um novo campo de
atuação. O acúmulo que terá
como chefe de Estado o coloca
numa situação em que não poderemos ser egoístas a ponto de
querermos reduzi-lo ao PT".
A integrantes do primeiro escalão de seu entorno, Lula revelou que além de uma atuação
internacional pretende também retomar viagens pelo interior do Brasil. Faria isso por pelo menos seis meses.
O que poderia ser entendido
como uma nova versão da Caravana da Cidadania -promovida no Brasil por Lula em
1993-, parece ser a intenção de
fazer caravanas por uma nova
cidadania, definem interlocutores do presidente.
Na visão de Lula, seu governo
promoveu uma enorme mobilidade social, e essa nova massa
de cidadãos lentamente incorporada ao sistema social e ao
mercado de consumo permanece alijada das esferas políticas. Segundo um ministro, Lula
quer ir ao encontro dessas pessoas para discutir política, "mas
não deve fazer isso a partir nem
por dentro do PT". "O presidente deverá fazer essas viagens sem corte partidário", arriscou outro auxiliar de Lula.
Lula diz que voltará a São
Bernardo do Campo assim que
deixar a Presidência. Mas a vida
do fundador do PT, 30 anos depois, não cabe mais no reduto
sindicalista do ABC.
(MALU DELGADO)
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