São Paulo, domingo, 07 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DF deu R$ 430 mi a empresas de deputados

Aliados de Arruda que vão atuar em comissões para investigar o mensalão do DEM firmaram contratos com o governo

Repasses favoreceram três governistas: Eliana Pedrosa, Cristiano Araújo e Wigberto Tartuce, que terão assentos na CCJ e na CPI sobre o caso

FILIPE COUTINHO
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputados que julgarão os pedidos de impeachment contra o governador José Roberto Arruda (ex-DEM, sem partido) receberam por meio de empresas das quais são sócios cerca de R$ 430 milhões do governo do Distrito Federal desde 2007.
Os contratos foram firmados com empresas das famílias dos deputados Eliana Pedrosa (DEM) e Cristiano Araújo (PTB), da base aliada de Arruda. O suplente Wigberto Tartuce (PMDB), que votará no impeachment, também recebeu dinheiro para sua rádio.
A primeira etapa do julgamento do impeachment contra Arruda na Câmara Legislativa do DF é na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Cristiano Araújo, aliado do governador, deve ficar com a presidência da CCJ.
A Fiança, empresa dos pais do deputado, recebeu da secretaria de Planejamento R$ 218 milhões desde o início do governo, sem licitação. Os dados são do sistema de gestão orçamentária do governo do DF.
No total, o grupo Fiança recebeu do governo Arruda R$ 294 milhões. Os valores, entretanto, diminuíram ano a ano. Foram R$ 109 milhões em 2007, enquanto em 2009 a empresa faturou com o governo R$ 82 milhões.
Araújo, 26, foi o segundo mais votado entre os distritais. Sua campanha foi a mais cara, com doações de R$ 1,2 milhão. Desses, R$ 816 mil foram da Fiança. Ele é cotado para ser membro da CPI da Corrupção, que investigará o mensalão.
Em 2008, o Ministério Público acusou o deputado de coagir os cinco mil funcionários da Fiança para que votassem nele, sob pena de demissão. Ele foi absolvido.
O suplente Tartuce julgará o impeachment de Arruda no lugar de um dos três deputados do PMDB -todos acusados de receber propina no mensalão do DEM. O deputado recebeu R$ 5,5 milhões de publicidade governamental. A campanha de quase R$ 760 mil foi feita com recursos de Tartuce.
A deputada Eliana Pedrosa (DEM), ex-secretária de Arruda, é mais uma que recebeu dinheiro do governo com empresas familiares. Foram quase R$ 130 milhões do DF desde 2007. No governo anterior, a fatia de dinheiro público destinada ao grupo da família da deputada foi a metade da atual.
Eliana é uma das líderes da tropa de choque do governador na Câmara do DF, que vai julgar o impeachment de Arruda. As empresas Dinâmica, Esparta e seus sócios bancaram R$ 338 mil da campanha da deputada do DEM.
O ex-presidente da Câmara Leonardo Prudente (sem partido) é outro que abocanhou verbas para suas empresas -mas foi considerado suspeito pela Justiça e não julgará Arruda. As empresas ligadas a Prudente (G6 e 5 Estrelas) receberam R$ 65 milhões do governo Arruda desde 2007. E doaram quase R$ 150 mil ao caixa de campanha de Prudente.
No início do ano, a deputada Érika Kokay (PT) apresentou projeto de lei para proibir a celebração de contratos com empresas de parentes de políticos. Segundo a deputada, a vedação é uma maneira de garantir a impessoalidade do contrato.


Texto Anterior: Elio Gaspari: A CPI do PT do Rio perdeu o ônibus
Próximo Texto: Outro lado: Distritais negam relação com firmas familiares
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.