São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2001

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ALIADOS EM CRISE

Para aliados, debate pareceria fuga da disputa com ACM

FHC não inclui proposta parlamentarista em plano

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso retirou a proposta de parlamentarismo a partir de 2006, que escrevera de próprio punho, do Plano de Ação Governamental que deve apresentar hoje aos partidos aliados.
FHC também deve desistir da cobrança previdenciária dos servidores públicos inativos, já rejeitada pelo Congresso e em estudo para ser incluída no plano.
Também não conseguiu determinar a fonte que financiará cerca de R$ 8 bilhões de seus investimentos sociais em 2002, na reta final da sucessão presidencial.
Sobre o parlamentarismo, FHC recuou anteontem à noite, quando se reuniu com coordenadores políticos e ouviu aliados.
A maioria dos consultados avaliou que a proposta pareceria manobra diversionista e que o assunto, por ser polêmico na base aliada, não deveria constar da agenda do governo para 2001 e 2002.
Por manobra diversionista, entenda-se uma tentativa de abafar a guerra com Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que acusa o governo de corrupção. Pareceria sinal de fraqueza tentar desviar o foco do debate com ACM.
O presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), que jantou anteontem com FHC e se manifestou contra a idéia, disse que o governo optou por não incluir a proposta no plano para não fazer imposição aos partidos aliados.
"Se é um documento para o entendimento, um documento de ação, não pode ter algo que exclua. O documento é de unidade e não pode ser de desunião", disse.
Segundo Aécio, "cabe aos partidos políticos discutir" o parlamentarismo. Ele se diz favorável, em tese, mas não vê ambiente político para a idéia no curto prazo.
Aécio procurou desvincular a morte de Mário Covas da proposta de parlamentarismo.
"Temos o parlamentarismo em nosso programa partidário, mas temos de ter cautela para não utilizarmos um momento como esse (de consternação) para retomar a discussão. Temos de reverenciar Mário Covas sem risco de uso indevido (da imagem de Covas)", afirmou Aécio, antes de o senador Roberto Freire (PPS-PE) ter lançado o "Movimento Mário Covas pelo Parlamentarismo".
O presidente do Senado e do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), disse que pessoalmente concorda com o parlamentarismo, mas que o assunto não foi discutido pelo partido.

Inativos
A cobrança previdenciária dos inativos foi considerada "agenda negativa" por aliados -ironia com a "agenda positiva" que pretende ser o plano de FHC para os dois últimos anos de mandato.
Seus coordenadores políticos avaliaram que a proposta teria dificuldade de ser aprovada -caíram quatro tentativas de aprová-la no Congresso. O Supremo Tribunal Federal também derrubou a medida quando um rolo compressor do governo a aprovou.
Do plano, deverá constar um pedido aos aliados para que se comprometam a substituir ou prorrogar a CPMF, cuja vigência vai até junho de 2001. Ela rende cerca de R$ 15 bilhões por ano.
O governo deseja aprovar uma emenda constitucional prorrogando-a ou substituindo-a por outro fonte, para ter dinheiro para projetos nos últimos seis meses de governo de FHC e para o sucessor do presidente.


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