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A MORTE DE COVAS
Bate-bocas abalaram popularidade em 99
DA REDAÇÃO
DO DATAFOLHA
As medidas de saneamento das
finanças de São Paulo, que no primeiro mandato acabaram por
bloquear os gastos públicos, e os
crescentes índices de criminalidade custaram ao governador Mário
Covas a própria popularidade.
Covas se envolveu em embates
com servidores que, em geral, pediam aumento de salários ou criticavam suas medidas administrativas. Os servidores da educação foram os maiores opositores.
Os confrontos se intensificaram
após a primeira cirurgia para a retirada de um tumor, no final de
1998. A doença, disse Covas já às
vésperas da segunda operação, no
ano passado, havia lhe ensinado
que, mais do que nunca, deveria
dizer tudo o que pensava.
A resposta ao jeito enfrentador
veio, não raro, na forma de paus,
pedras, ovos e laranjas. Em junho
de 2000, o embate rendeu-lhe ferimentos na testa e no lábio em plena praça da República, durante
confronto com professores em
greve, que tentaram impedi-lo de
entrar na Secretaria da Educação.
"Ninguém vai impedir o governador de entrar em uma secretaria
pela porta da frente", disse.
Naquele mesmo mês, Covas
atingiu o seu pior índice de popularidade, de acordo com as pesquisas do Datafolha. Na ocasião,
Covas era reprovado por 43% dos
paulistas, e apenas 20% o consideravam ótimo ou bom. A atitude
do governador já havia sido reprovada pela maioria dos paulistanos entrevistados pelo Datafolha, em outro levantamento, feito
por telefone, um dia após o fato.
O episódio fechou um período
de desgaste da imagem de Covas,
que desde junho de 1999 vinha
perdendo apoio popular. Características dos cenários político, econômico e social daquele ano (crise
cambial, desemprego, violência,
guerra fiscal entre Estados) potencializaram as críticas contra
aliados do governo federal.
Em setembro, objetos foram
atirados contra Covas por servidores, diante do Palácio dos Bandeirantes. Ele resolveu subir no
carro de som para falar com os
manifestantes. Foi feito um cordão de isolamento por PMs para
que atravessasse a multidão.
No trajeto, Covas foi empurrado pelos manifestantes. Em cima
do carro de som, o governador
passou cerca de dois minutos recebendo vaias e xingamentos dos
servidores, até que foi chamado
de ladrão. "Ladrão é você", respondeu. Logo depois, foi atingido
no peito por um ovo.
No dia 19 de maio de 2000, o governador enfrentou manifestantes novamente, dessa vez em São
Bernardo, e foi agredido com
uma bandeirada na cabeça.
Em relação ao seu primeiro
mandato, Covas passou os quatro
primeiros anos sendo considerado regular pela maior parte da população do Estado. Nesse período, seu pior índice foi verificado
em maio de 1997, um mês após a
divulgação de cenas de violências
praticadas por policiais militares
na Favela Naval, em Diadema.
Em pesquisa realizada um dia
depois da veiculação das imagens
pelo "Jornal Nacional", da Rede
Globo, o Datafolha mostrou que a
maioria dos paulistanos cobravam do governador as demissões
do comandante-geral da Polícia
Militar e do secretário da Segurança do Estado.
No extremo oposto, a maior taxa de avaliação positiva obtida
por Covas aconteceu em dezembro de 1998. Na época, depois de
uma disputa acirrada pela reeleição, em um confronto direto com
Paulo Maluf (PPB) no segundo
turno -Covas ultrapassaria Maluf somente na penúltima semana-, o governador tornou pública a sua doença.
Na pesquisa pesquisa feita nos
dias 10 e 11 de dezembro, 38% dos
paulistas aprovavam Covas, contra 23% que o rejeitavam. A última pesquisa Datafolha de avaliação do governador, feita em dezembro passado, mostrava que
29% dos paulistas o reprovavam
contra outros 29% que o classificavam de ótimo ou bom.
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