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BAHIAGATE
Heloísa Helena diz que arquivamento de denúncia contra pefelista por Sarney é "imoral e insustentável juridicamente"
Conselho de Ética ainda analisará caso ACM
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da oposição do presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), o Conselho de Ética
da Casa será convocado por seu
presidente, Juvêncio da Fonseca
(PMDB-MS), a tomar posição sobre as acusações de suposto envolvimento do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) nos
grampos telefônicos da Bahia.
Na reunião que pretende realizar na próxima quarta-feira, Fonseca entregará aos integrantes do conselho um relatório parcial das
provas até agora produzidas pela
Polícia Federal no inquérito que
apura a escuta ilegal de mais de
200 telefones na Bahia. E vai também submeter a eles o recurso da
bancada do PT ao arquivamento
da denúncia contra ACM apresentada pelos petistas com base
no artigo 17 do Código de Ética do
Senado (Resolução 20).
O recurso dos petistas vale para
as duas decisões: a do próprio
Fonseca de submeter à Mesa Diretora a denúncia contra ACM
-com pedido de investigação
preliminar- e a de Sarney, arquivando a denúncia.
Embora o próprio Fonseca diga
que o conselho é um "órgão de assessoramento" da Mesa Diretora,
seus integrantes podem decidir,
por maioria, independente da decisão de Sarney, iniciar ou não a
investigação preliminar requerida pela bancada do PT.
O presidente do Senado justificou o arquivamento dizendo que
Fonseca não pediu a ele nenhuma
providência e que o requerimento
do PT não apresentou "provas ou
fatos novos" ao caso.
Para a senadora Heloísa Helena
(PT-AL), o arquivamento é "imoral e insustentável juridicamente". Segundo ela, a posição de Sarney e Fonseca "fragiliza e desmoraliza a instituição e colide com o regimento e a Constituição".
Em discurso ontem, sugeriu a
existência de um "conluio" no Senado para proteger ACM. Ela diz
que até o despacho de Fonseca a
Sarney -não solicitando providência- teria sido conveniente
ao suposto acordo para evitar investigação. "Como aqui [no Senado] o mais inocente voa, não caminha, se a ele [Sarney] não foi pedida providência, é claro que ele iria arquivar", disse.
Divergências
Sarney e Fonseca têm posições
diferentes no caso do grampo. Para o presidente do Senado, a Casa
não poderia abrir processo por
quebra de decoro contra um senador acusado de crime comum
antes de uma suposta condenação
pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em sentença conclusiva.
Ele levantou outro argumento
pró-ACM: o baiano não poderia
ser acusado de quebra de decoro
já que não era congressista quando os grampos ocorreram, em
2002. Já Fonseca acha que o conselho tem competência para processar ACM, mas deve aguardar a
conclusão do inquérito da PF sobre o caso, com "provas mais contundentes" do envolvimento ou
não do senador baiano.
Há uma polêmica regimental.
Fonseca diz que o PT não poderia
ter apresentado "denúncia" contra ACM (com base no artigo 17),
porque esse dispositivo seria aplicável a "questões menores". Na
sua opinião, se for provado que
um senador foi mandante de escuta ilegal, a punição será a cassação. Já o PT alega que apresentou
apenas "denúncia" contra ACM,
pedindo investigação preliminar,
por não ter provas suficientes para pedir a abertura de processo
por quebra de decoro.
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