KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com o slogan "Um bom exemplo: tudo começa aí", será lançada neste mês pelo governo federal, em parceria com empresas, a segunda campanha de auto-estima da gestão Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira teve o slogan "O melhor do Brasil é o brasileiro".
A Folha apurou que o ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), idealizador da campanha, obteve na semana passada sinal verde de Lula para deflagrá-la. As negociações para inserções do governo e das empresas estão em fase de final de negociação.
Não há custos totalizados porque grande parte dos comerciais e das inserções ficará por conta de empresas e agências de publicidade. O governo dará início à campanha com peças publicitárias sobre saúde, educação, lazer, esporte e trânsito. Numa segunda fase, outras áreas do governo farão propagandas semelhantes.
A campanha atende ao desejo manifestado por Lula no final do ano passado de usar a família como ponto de partida para uma grande ação de propaganda que o governo federal proporia a empresas e agências de publicidade.
Em dezembro, Lula disse que a campanha deveria ser da sociedade e "falar com o coração das pessoas". No mesmo dia, o presidente afirmou que ""a falta de afeto é um grave problema do país".
Desde então Gushiken passou a preparar a campanha, que chega no momento em que o governo enfrenta dificuldades na política e colhe bons resultados na economia, ainda que o debate sobre os rumos da política econômica esteja revigorado.
Vários comerciais terão como ponto de partida a família, mas Gushiken ampliou a campanha, adotando o mote "hábitos saudáveis" como referência geral. Pesquisas do governo mostram que há grande interesse da população, o que facilita a proposição de parceria do governo com as empresas. Seria um tema "vendável" para a imagem do governo federal e da iniciativa privada.
Haverá peças que falarão da importância de a família dar bons exemplos e incentivar bons hábitos, com comerciais que tratarão desde educação no trânsito a cuidados com a saúde. Daí os ganchos para as propagandas dos ministérios da Saúde, da Educação, da Justiça e dos Esportes.
O slogan da nova campanha foi criado pelo publicitário Duda Mendonça, dono de uma das três agências que atendem a conta da pasta de Gushiken e marqueteiro do PT e da campanha presidencial de Lula em 2002. As outras duas agências que atendem a Secom (Secretaria de Comunicação de Governo) são a Lew Lara e a Matisse, envolvidas na operação de planejamento publicitário.
O modelo de divulgação é similar ao da primeira campanha de auto-estima, a que disse que "O melhor do Brasil é o brasileiro".
O governo busca com a campanha unificar a linha da propaganda oficial, mas também ligá-la a temas de interesse da sociedade. Exemplo: há negociações com seguradoras de automóveis para bancarem campanhas com o mesmo slogan, que seria de interesse delas também. O mesmo valerá para empresas de seguro-saúde e para grandes redes de TV. Está avançada, por exemplo, negociação com a Rede Globo para que sejam feitas propagandas, mas também eventos em cidades para incentivo de hábitos saudáveis, como gincanas.
A chamada "marca Brasil", logotipo criado pelo governo para ser usado pelo Ministério do Turismo no marketing externo, acabou sendo encampada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e empresas após articulações de Gushiken.
O ministro avalia que, se o governo ficar fora da paternidade, a marca pode virar um símbolo do país. Por isso, insistirá que ela não é uma identificação do governo petista, como o colorido logotipo "Brasil, um país de todos", utilizado na gestão de Lula.


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