São Paulo, terça-feira, 07 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ NOVAS CONEXÕES

Relator diz não acreditar nas informações, publicadas pela revista "Veja", que ligam 55 parlamentares do partido ao "mensalão"

Serraglio rejeita investigação sobre PMDB

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse ontem não acreditar na denúncia de que 55 dos 81 integrantes da bancada de seu próprio partido na Câmara tenham recebido "mensalão". Para ele, o caso não deve ser investigada pela comissão.
"Eu não acredito que haja 55 [deputados] recebendo, que haja alguém nesse nível de corrupção. Acho um número meio incrível."
Apesar da resistência do relator, cresceu na comissão um movimento para prorrogar a CPI, por um mês e meio, para investigar as novas acusações e analisar os documentos com a movimentação financeira do publicitário Duda Mendonça no exterior. O prazo final é 15 de abril.
As suspeitas sobre peemedebistas foram levantadas por reportagem da revista "Veja" desta semana, que também apontou mais uma suposta fonte de recursos para o caixa dois dos aliados do governo, dessa vez na usina de Itaipu, com uma propina de U$ 6 milhões. A revista também sugere que o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, foi pago para elogiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-prefeita Marta Suplicy na campanha de 2002. Ratinho negou.
Quanto ao suposto desvio de dinheiro de Itaipu, Serraglio alegou que foge à competência da CPI. Ele sugeriu a criação de uma nova comissão parlamentar de inquérito para investigar o caso.
Na semana passada, Serraglio disse que apoiaria um movimento para a prorrogação dos trabalhos da comissão para investigar a movimentação financeira de Duda no exterior.
De acordo com a "Veja", o advogado Roberto Bertholdo, que está preso, era o operador do "mensalão" na bancada do PMDB. Ele seria ligado ao ex-deputado José Borba (PMDB-PR), que renunciou depois de ser acusado de participação no esquema de compra de apoio parlamentar pelo governo.
A revista cita um ex-assessor de Bertholdo que se mantém no anonimato para afirmar que 55 dos 81 deputados do partido recebiam uma mesada de R$ 15 mil a R$ 200 mil. Até agora, 19 deputados de vários partidos foram formalmente acusados de envolvimento no escândalo.

Prorrogação
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) defendeu ontem a prorrogação da CPI por um mês e meio, assim como o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) havia feito no dia anterior.
Para estender o prazo da CPI dos Correios, que é mista, são necessárias assinaturas de 171 deputados e de 81 senadores. Esse também é o número necessário para criar uma nova comissão, medida defendida por Serraglio.
"Essa nova CPI investigaria Itaipu e reabriria o "mensalão", que foi jogado no lixo quando foi tirado da gente", afirmou Serraglio, referindo-se à criação da CPI do Mensalão, que acabou sem um relatório final.
O PT também é contra a prorrogação dos trabalhos. "Precisamos ter um relatório final e para isso temos que ter clima para votá-lo. Depois de maio não há como, daqui para a frente a disputa política só tende a piorar por causa das eleições", disse a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).


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