São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Os pais do anexo

A oposição faz barulho, mas, na surdina, quem de fato está emperrando a votação do Orçamento de 2008 é o grupo de governistas responsável pelo "anexo de metas" de R$ 534 milhões para emendas paroquiais. Liderada por parlamentares pouco expostos à mídia -os deputados João Leão (PP-BA), Wellington Roberto (PR-PB), Zé Gerardo (PMDB-CE) e Rose de Freitas (PMDB-ES), além do senador João Ribeiro (PR-TO)-, essa tropa da Comissão de Orçamento não aceita ver "seu" meio bilhão de reais diluído em emendas de bancada. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PSDB-PE), atacou ontem a ação predatória: "Se o governo tiver coragem de enfrentar esse grupo, a oposição vota o Orçamento", disse o senador.

Reprise. A insurreição do "grupo do anexo" virou assunto ontem no plenário do Senado, e houve quem resgatasse a memória do grande escândalo de 1993. "Os anões deste Orçamento estão se transformando em gigantes", disse Mão Santa (PMDB-PI).

Pente-fino. Quem examinou os relatórios da Comissão de Orçamento encontrou, por exemplo, pequenas "unidades de saúde" em Estados do Nordeste que passam ao largo das grandes obras contempladas nas emendas de bancada e do acordo negociado pelo governo para aprovar a peça.

Tudo... Reunida ontem com Dilma Rousseff, a bancada do PT suou frio quando a ministra, após meia hora de considerações sobre o PAC, anunciou que encerraria o encontro exibindo seus 300 slides de balanço do programa.

...menos isso. Mais que depressa, Henrique Fontana (PT-RS) tentou demovê-la: "Ministra, obrigado, mas acho que já ficou tudo claro". O "powerpoint" de Dilma é o Dormonid dos governistas.

Hermanos. Na reunião com Dilma, o vice-presidente do Parlamento do Mercosul, Doutor Rosinha (PT-PR), defendeu que a crise Colômbia-Equador é razão a mais para aprovar sem demora o ingresso da Venezuela no bloco -exatamente o contrário do que pensam os oposicionistas sentados na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Abacaxi 1. Gilmar Mendes, do STF, não vai proferir o voto sobre a denúncia do procurador-geral da República contra Antonio Palocci no caso da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa. Os advogados do ex-ministro têm ainda uma semana para apresentar a defesa prévia.

Abacaxi 2. Mendes tem dito que lhe faltam elementos para firmar convicção sobre a responsabilidade de Palocci. Deixará o caso para Ellen Gracie, com quem trocará de lugar ao assumir a presidência do STF, em 23 de abril.

Ela fica. Contrariando a expectativa, Ellen não irá para o lugar de Francisco Rezek na Corte de Haia. O Brasil indicou formalmente Antonio Cançado Trindade, que integra e já presidiu a Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica.

Bateu... José Gomes Temporão rebate as críticas do ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles à suposta falta de bancos públicos de coleta de cordão umbilical. Segundo o ministro da Saúde, o programa BrasilCord já tem quatro bancos em funcionamento desde 2004 e chegará a 12 no ano que vem.

...levou. Esses bancos, diz Temporão, fazem pesquisas com células-tronco a partir de sangue de cordão. "A sugestão dele revela desconhecimento constrangedor para quem está à frente de causa tão polêmica", dispara o ministro. Fonteles é autor da ação que o Supremo começou a julgar.

Costura. Luís Paulo Correia da Rocha é hoje o tucano mais cotado para ser vice na chapa de Fernando Gabeira (PV) à Prefeitura do Rio de Janeiro.

Tiroteio

"Digamos que ele saiu do quinto dos infernos e conseguiu chegar à porta do purgatório."


Do senador HERÁCLITO FORTES (DEM-PI) sobre o resultado, anticlimático para a oposição, do muito aguardado depoimento do churrasqueiro Jorge Lorenzetti à CPI das ONGs.

Contraponto

Rápido no gatilho

Os pedetistas Pompeo de Mattos (RS) e Sebastião Bala Rocha (AP) travaram disputa pela presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Na terça-feira, minutos antes da eleição, resolveram tratar de um tema espinhoso, dada a natureza do cargo que pleiteavam: a associação de seus nomes à chamada "bancada da bala".
Rocha procurou explicar o apelido sugestivo:
-Olha, eu nem tenho arma. O "Bala" surgiu porque eu era muito rápido quando menino.
Pompeo, que acabou vitorioso, emendou:
-É, eu também não tenho arma. Mas sei atirar!
O deputado recebeu doação de campanha da Taurus.


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