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Delegados confirmam pressão de Arruda
Depoimentos são usados por vice-procuradora-geral da República para convencer STF a manter governador afastado preso
Segundo agentes, Arruda teria dito que foi cobrado por empresários para saber de investigação; defesa diz que desconhece testemunhos
LUCAS FERRAZ
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois delegados da Polícia Civil disseram em depoimento ao
Ministério Público do Distrito
Federal que sofreram pressão
do governador afastado José
Roberto Arruda (sem partido)
para fornecer informações sobre investigações sigilosas.
Arruda agiu, segundo eles,
em junho do ano passado para
obter dados sobre operações
que apuravam a suposta corrupção no governo. Na época,
os delegados eram diretores da
Polícia Civil, mas acabaram demitidos dos cargos.
Os depoimentos foram usados pela vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, como forte argumento
apresentado ao STF (Supremo
Tribunal Federal) para manter
o governador afastado preso.
Duprat argumentou que os
policiais só se encorajaram em
falar após a prisão dele. Daí a
necessidade, segundo ela, de
Arruda continuar preso para
não atrapalhar as apurações.
Os delegados Marco Aurélio
Virgílio de Souza e Cícero Jairo
de Vasconcelos Monteiro prestaram depoimento no dia 1º
deste mês. Arruda foi preso no
dia 11 de fevereiro, acusado de
tentativa de suborno a uma testemunha do inquérito do mensalão do DEM -esquema de
cobrança e distribuição de propina revelado pela Polícia Federal em novembro passado.
Ainda sem vislumbrar que o
mensalão viria à tona, Arruda
queria, em junho de 2009, detalhes sobre investigações em
andamento da Polícia Civil, disseram os delegados.
O governador teria ficado
aborrecido principalmente
com a Operação Terabyte, deflagrada em abril de 2009, para
apurar desvios de recursos na
área de tecnologia, que mais
tarde se revelaria uma das fontes de propina do mensalão.
Monteiro, no comando da
área de inteligência, disse que
foi convocado para uma reunião com Arruda e a cúpula da
Polícia Civil. O governador
afastado, segundo Monteiro,
disse que "fora cobrado pelos
empresários investigados".
"O governador dirigiu-se ao
diretor-geral da Polícia Civil,
Cleber Monteiro, e disse: Cleber não estou satisfeito."
Souza, o outro delegado, disse que foi afastado da diretoria
que combate crime na gestão
pública porque Arruda não foi
avisado que a Terabyte ocorreria. Arruda afirmou ainda que
"em 2010 haveria eleições e que
a polícia deveria protegê-lo",
acrescentou Monteiro.
Outra intenção de Arruda era
saber se Marcelo Toledo, ex-policial suspeito de operar o esquema, era investigado.
Procurada, a defesa de Arruda disse não saber dos novos
depoimentos. A assessoria do
governo informou que cabe aos
advogados falar sobre o caso.
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