São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

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Promotor pede quebra de sigilo de Vaccari

Tesoureiro do PT é investigado pelo Ministério Público de SP por atuação à frente da cooperativa habitacional Bancoop

Documentos mostram que ao menos R$ 31 mi foram sacados na boca do caixa, o que torna difícil rastrear o dinheiro; advogado nega as acusações e vê fim eleitoral

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O promotor José Carlos Blat, do Ministério Público do Estado de São Paulo, pediu anteontem a quebra do sigilo bancário e fiscal do novo tesoureiro do PT, o sindicalista João Vaccari Neto, investigado por supostos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, estelionato e apropriação indébita no comando da Bancoop, cooperativa habitacional dos bancários.
Blat, que abriu o inquérito criminal contra a Bancoop em 2007, solicitou ainda ao Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), do Tribunal de Justiça de São Paulo, o bloqueio da conta bancária da cooperativa e a oitiva urgente de Vaccari, que se licenciou da presidência da cooperativa em fevereiro.
O promotor estima que pelo menos 47 empreendimentos da Bancoop não saíram do papel, o que prejudicou cerca de 3.000 famílias. Há desde casas pagas e não entregues a valores que foram majorados acima da estimativa original. O rombo nas contas da cooperativa chegaria a R$ 100 milhões.
Em reportagem da edição desta semana, a revista "Veja" relata que, na última segunda-feira, o promotor começou a receber o primeiro lote de documentos com a quebra do sigilo bancário da cooperativa, que havia sido solicitada por ele em março do ano passado. São cerca de 8 mil páginas com transações bancárias realizadas pela Bancoop entre 2001 e 2008.
Segundo o promotor, cerca de R$ 31 milhões em cheques da cooperativa, assinados por Vaccari e por outros diretores, foram sacados em dinheiro em nome da Bancoop, o que dificulta rastrear o beneficiário.
"Outro fato que impressiona é que, entre 2005 e 2006, quando muitas obras estavam paradas e a cooperativa já enfrentava muitos problemas, a Bancoop pagou cerca de R$ 1,5 milhão à empresa de segurança de Freud Godoy", afirma Blat.
Freud, ex-segurança das campanhas de Lula é, ao lado de Vaccari, investigado no caso da compra de falso dossiê contra tucanos na eleição de 2006.
Para o promotor, dinheiro do grupo ajudou a financiar campanhas eleitorais petistas. "A Bancoop é uma organização criminosa com fins político-partidários", afirmou.

Outro lado
O advogado da Bancoop, Pedro Abreu Dallari, disse ontem que a investigação não tem "pé nem cabeça". "É um completo absurdo. Essa investigação começou em 2007 e não tem nenhuma medida judicial."
Segundo Dallari, não existe saque em dinheiro, mas movimentações interbancárias entre contas da própria Bancoop, já que, cada empreendimento tem um conta bancária própria. "Isso é registrado como saque, mas é movimentação interbancária." Para o advogado, o caso da Bancoop voltou à tona para alimentar o pedido do PSDB de CPI na Assembleia paulista. "É a única explicação que encontro para tantas leviandades."


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