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Promotor pede quebra de sigilo de Vaccari
Tesoureiro do PT é investigado pelo Ministério Público de SP por atuação à frente da cooperativa habitacional Bancoop
Documentos mostram que ao menos R$ 31 mi foram sacados na boca do caixa, o que torna difícil rastrear o dinheiro; advogado nega as acusações e vê fim eleitoral
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor José Carlos Blat,
do Ministério Público do Estado de São Paulo, pediu anteontem a quebra do sigilo bancário
e fiscal do novo tesoureiro do
PT, o sindicalista João Vaccari
Neto, investigado por supostos
crimes de lavagem de dinheiro,
formação de quadrilha, estelionato e apropriação indébita no
comando da Bancoop, cooperativa habitacional dos bancários.
Blat, que abriu o inquérito
criminal contra a Bancoop em
2007, solicitou ainda ao Dipo
(Departamento de Inquéritos
Policiais), do Tribunal de Justiça de São Paulo, o bloqueio da
conta bancária da cooperativa e
a oitiva urgente de Vaccari, que
se licenciou da presidência da
cooperativa em fevereiro.
O promotor estima que pelo
menos 47 empreendimentos
da Bancoop não saíram do papel, o que prejudicou cerca de
3.000 famílias. Há desde casas
pagas e não entregues a valores
que foram majorados acima da
estimativa original. O rombo
nas contas da cooperativa chegaria a R$ 100 milhões.
Em reportagem da edição
desta semana, a revista "Veja"
relata que, na última segunda-feira, o promotor começou a receber o primeiro lote de documentos com a quebra do sigilo
bancário da cooperativa, que
havia sido solicitada por ele em
março do ano passado. São cerca de 8 mil páginas com transações bancárias realizadas pela
Bancoop entre 2001 e 2008.
Segundo o promotor, cerca
de R$ 31 milhões em cheques
da cooperativa, assinados por
Vaccari e por outros diretores,
foram sacados em dinheiro em
nome da Bancoop, o que dificulta rastrear o beneficiário.
"Outro fato que impressiona
é que, entre 2005 e 2006, quando muitas obras estavam paradas e a cooperativa já enfrentava muitos problemas, a Bancoop pagou cerca de R$ 1,5 milhão à empresa de segurança de
Freud Godoy", afirma Blat.
Freud, ex-segurança das
campanhas de Lula é, ao lado
de Vaccari, investigado no caso
da compra de falso dossiê contra tucanos na eleição de 2006.
Para o promotor, dinheiro do
grupo ajudou a financiar campanhas eleitorais petistas. "A
Bancoop é uma organização
criminosa com fins político-partidários", afirmou.
Outro lado
O advogado da Bancoop, Pedro Abreu Dallari, disse ontem
que a investigação não tem "pé
nem cabeça". "É um completo
absurdo. Essa investigação começou em 2007 e não tem nenhuma medida judicial."
Segundo Dallari, não existe
saque em dinheiro, mas movimentações interbancárias entre contas da própria Bancoop,
já que, cada empreendimento
tem um conta bancária própria. "Isso é registrado como
saque, mas é movimentação interbancária." Para o advogado,
o caso da Bancoop voltou à tona para alimentar o pedido do
PSDB de CPI na Assembleia
paulista. "É a única explicação
que encontro para tantas leviandades."
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