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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Se decisão do TSE ficar, PSDB terá de rever 13 alianças, e PT, seis
Verticalização derruba 38
alianças políticas estaduais
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Levantamento da Folha mostra
que ao menos 38 alianças eleitorais que pré-candidatos a governador em todo o país pretendem
formalizar serão inviabilizadas se
mantida a chamada verticalização
(obrigatoriedade da repetição nos
Estados das coligações nacionais).
A importância dos arranjos eleitorais estaduais para a sucessão
presidencial pode ser exemplificada com o Ceará. Anteontem, o
governador Tasso Jereissati
(PSDB), preterido pelo partido
em favor do senador José Serra na
disputa presidencial, renunciou
ao cargo para disputar uma vaga
ao Senado. Vai apoiar para o governo do Ceará a candidatura do
também tucano Lúcio Alcântara.
Em troca de aliança com o
PSDB, o PPS do presidenciável
Ciro Gomes decidiu no mesmo
dia não lançar candidato ao governo estadual -Cid Gomes,
prefeito de Sobral e irmão do ex-ministro, era o mais cotado.
O PPS lançará como candidata
ao Senado a deputada estadual
Patrícia Gomes, ex-mulher de Ciro. Ela fará dobradinha com Tasso, já que as eleições deste ano renovarão 54 das 81 cadeiras do Senado, elegendo dois novos senadores por Estado.
Resta saber se essa aliança será
oficial ou informal. Se for mantida
a decisão do TSE, como os dois
partidos terão candidatos distintos a presidente, será a chamada
"coligação branca", que se materializa em discursos, agendas e
material de campanha comuns.
O peso desse tipo de aliança,
mesmo que não-oficial, pode ser
medido pelo que aconteceu em
1998 no Ceará. Tasso foi eleito governador com 62,72% dos votos.
O candidato a presidente de seu
partido, Fernando Henrique Cardoso, vencedor do pleito geral
com 53,06% dos votos, obteve ali
30,31% dos eleitores, terminando
em terceiro lugar atrás de Ciro
(34,24%) e do petista Luiz Inácio
Lula da Silva (32,84%).
A aliança informal entre Tasso e
Ciro causou distanciamento entre
o tucano cearense e FHC. Descontente com a forma com que o
PSDB definiu a candidatura de
Serra a presidente, Tasso manteve
seu acordo de convivência pacífica e coordenada com Ciro Gomes
e pode causar novo desgosto aos
líderes tucanos.
Se a interpretação inicial majoritária em fevereiro era que a "verticalização" beneficiava Serra, essa idéia começa a ser revista dentro do próprio PSDB. Há 45 dias, a
governadora Roseana Sarney
(PFL-MA) era uma candidata em
ascensão nas pesquisas, e o
PMDB se debatia internamente
para decidir se teria ou não candidato próprio a presidente. Em tese, a verticalização, devido aos arranjos estaduais, deixaria o
PMDB mais próximo do PSDB,
em detrimento do PFL.
Depois do baque sofrido por
Roseana com o episódio Lunus
(denúncias de irregularidades em
financiamento da Sudam e
apreensão de R$ 1,34 milhão em
dinheiro no escritório da empresa), a verticalização pode deixar
de ser vantajosa para o tucano.
O PSDB tem oito acordos de
apoio acertados com o PMDB e
sete com o PFL. Há ainda dois
acertos com o PTB, dois com o
PL, um com o PPS e outro com o
PDT. À exceção do PMDB, com
quem já acertou aliança nacional,
os demais teriam de ser revistos.
"Temos chances de saltar de seis
para nove governadores eleitos na
próxima eleição com as coligações planejadas. Eu nunca afirmei
que a verticalização era vantajosa", declara o presidente do
PSDB, José Aníbal.
Ele lista como Estados de boas
chances eleitorais para os tucanos
São Paulo, Minas Gerais, Mato
Grosso, Pará, Ceará, Paraíba,
Goiás, Amazonas e Pará.
Uma das preocupações do partido é o Rio de Janeiro. Em pesquisa concluída na semana passada pelo Instituto Gerp a pedido
dos tucanos, o pré-candidato do
PSB, Anthony Garotinho, que renunciou ao governo do Rio anteontem, aparece no Estado com
43% das intenções de voto a presidente. Serra fica com apenas 2%.
Para tentar alavancar o ex-ministro da Saúde, os tucanos tentam convencer Artur da Távola,
líder do governo no Senado, a ser
candidato a governador.
Esquerda
Os partidos de oposição já tomavam como certa a manutenção
da verticalização. Recorreram ao
STF, mas, inicialmente, mantinham esperanças pequenas de vitória. Tanto é que PT e PSB se articularam para lançar candidaturas
próprias na maioria dos Estados.
Além da aliança nacional com o
PL, o PT terá como inviabilizadas
alianças em seis Estados. Os governadores Jorge Viana (AC) e
Zeca do PT (MS) são dois dos
mais prejudicados, porque haviam montado coligações com
partidos como PSB, PDT e PPS.
O quadro agora mudou. O presidente do PT, José Dirceu, afirma
que o próprio TSE fragilizou sua
decisão de obrigar a verticalização
ao permitir coligações diferenciadas nos Estados. "Foi uma incoerência, pois o TSE, ao definir a
verticalização, apoiou-se na norma constitucional referente ao caráter nacional dos partidos", avaliou o petista.
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