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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Campanha oficial começa em julho, mas só o PSDB diz ter gasto quase R$ 1 milhão com pré-candidato
Gastos iniciais sugerem disputa milionária
ANDRÉA MICHAEL
LUIZA DAME
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Oficialmente, a campanha eleitoral só começa em julho, depois
das convenções partidárias que
definem oficialmente as candidaturas, entre 10 e 30 de junho. Na
prática, no entanto, os candidatos
já estão nas ruas e as primeiras cifras fazem supor que a disputa
presidencial será milionária também este ano.
PSDB e PFL fecharam a contabilidade dos primeiros três meses
de 2002. A campanha do senador
José Serra (SP), pré-candidato tucano à Presidência da República,
já custou R$ 947,5 mil. A da ex-governadora do Maranhão, a pefelista Roseana Sarney, cerca de
R$ 750 mil.
Os valores apresentados pelo
PSDB incluem os gastos com o
programa de televisão do partido,
no qual Serra foi a estrela quase
solitária, apresentando ao público
sua candidatura.
Os números de Roseana não
computam os gastos com a propaganda que foi feita desde agosto
do ano passado.
"Sabíamos que precisaríamos
investir. Economizamos do fundo
partidário para ajudar a pagar essas despesas. Chegamos a ter R$ 4
milhões em caixa no ano passado", afirmou Saulo Queiroz, secretário-executivo do PFL.
Em 2001, o fundo partidário, cujos recursos estão previstos no
Orçamento da União, distribuiu
R$ 88,8 milhões entre 30 partidos.
Os tucanos ficaram com a maior
fatia -R$ 17,6 milhões (19,85%).
O PFL é o segundo na lista de beneficiários, com R$ 17,4 milhões
(19,58%). O bolo de 2002 soma R$
91 milhões.
"Além do fundo, recebemos
doações de simpatizantes e a contribuição de R$ 240 mensais de
cada de um de nossos parlamentares", disse o deputado Márcio
Fortes (RJ), secretário-geral do
PSDB.
Líder nas pesquisas de opinião,
o petista Luiz Inácio Lula da Silva
está em pré-campanha por conta
do fundo partidário, que vai bancar o maior investimento do PT
neste ano: R$ 320 mil para o programa de tevê que vai ao ar dia 9
de maio. O montante também inclui a assessoria do publicitário
Duda Mendonça aos filmes estaduais dos candidatos petistas.
Eclético
Disputando o segundo lugar na
preferência do eleitorado, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PSB) tem uma contabilidade mais eclética. "Quando ele
estava no governo, incluía agenda
partidária em viagem oficial. Outras vezes, quem pagava as passagens e estadias era o PSB ou a
Adhonep", afirmou o deputado
Alexandre Cardoso (RJ), secretário nacional de finanças do PSB.
A Adhonep (Associação dos
Homens de Negócios do Evangelho Pleno) congrega empresários,
executivos e profissionais liberais
cristãos de diferentes igrejas. Eles
se reúnem, normalmente em jantares pagos, e recebem convidados para palestras. Entre eles, Garotinho.
O deputado Eduardo Campos
(PE), ex-líder do PSB na Câmara,
relatou uma das viagens que fez
com Garotinho. Financiado pela
Adhonep para fazer uma palestra,
ele usou o dia livre, em Natal, em
setembro do ano passado, para
cumprir agenda de pré-campanha.
Se gasta em viagem, Garotinho
economiza em marqueteiro. O
ex-governador é tido como o
principal estrategista de sua campanha. Bolou o bônus de R$ 1 para arrecadar doações em massa e
já definiu até como vai ser o comercial para apresentar o produto.
Também para economizar, o
PSB, em vez de pagar suas próprias pesquisas, espera que algum
instituto registre a encomenda de
um outro partido no TSE. Pela legislação, a legenda que requisitar
pode pegar uma cópia do material. O PSB pega.
Comitê
Acusado de aliado infiel, o PTB
tem sido o mais generoso partido
da frente trabalhista -PTB, PDT
e PPS- que apóia o pré-candidato Ciro Gomes. "Na média, desde
agosto do ano passado, investimos R$ 30 mil por mês para divulgar nosso candidato", afirmou o
deputado José Carlos Martinez
(PR), presidente nacional do PTB.
A quantia parece pequena perto
da contabilidade de tucanos e pefelistas. No entanto, Ciro Gomes é
o único pré-candidato que já tem
escritório político montado em
Brasília -Roseana, Serra e Garotinho vão usar as instalações dos
partidos; Lula ainda nem pensou
no assunto.
A conta das salas comerciais de
Ciro vai para o PTB, que também
se preocupou em alugar um apartamento de três quartos para acomodá-lo na capital federal. Valor
da fatura de escritório e moradia:
R$ 15 mil mensais.
Com a firme disposição de mostrar que o casamento é para valer,
o PTB imprimiu 1.530 carnês de
contribuição padronizados para
quem quiser, a partir de julho,
ajudar a campanha de Ciro. Os
boletos arrecadarão quatro parcelas de doações que variam de R$
500 a R$ 5.000. Se conseguir 100%
de sucesso em sua estratégia, o
PTB vai arrecadar R$ 10 milhões.
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