São Paulo, domingo, 07 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO ÀS ELEIÇÕES

Campanha oficial começa em julho, mas só o PSDB diz ter gasto quase R$ 1 milhão com pré-candidato

Gastos iniciais sugerem disputa milionária

ANDRÉA MICHAEL
LUIZA DAME

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Oficialmente, a campanha eleitoral só começa em julho, depois das convenções partidárias que definem oficialmente as candidaturas, entre 10 e 30 de junho. Na prática, no entanto, os candidatos já estão nas ruas e as primeiras cifras fazem supor que a disputa presidencial será milionária também este ano.
PSDB e PFL fecharam a contabilidade dos primeiros três meses de 2002. A campanha do senador José Serra (SP), pré-candidato tucano à Presidência da República, já custou R$ 947,5 mil. A da ex-governadora do Maranhão, a pefelista Roseana Sarney, cerca de R$ 750 mil.
Os valores apresentados pelo PSDB incluem os gastos com o programa de televisão do partido, no qual Serra foi a estrela quase solitária, apresentando ao público sua candidatura.
Os números de Roseana não computam os gastos com a propaganda que foi feita desde agosto do ano passado.
"Sabíamos que precisaríamos investir. Economizamos do fundo partidário para ajudar a pagar essas despesas. Chegamos a ter R$ 4 milhões em caixa no ano passado", afirmou Saulo Queiroz, secretário-executivo do PFL.
Em 2001, o fundo partidário, cujos recursos estão previstos no Orçamento da União, distribuiu R$ 88,8 milhões entre 30 partidos. Os tucanos ficaram com a maior fatia -R$ 17,6 milhões (19,85%). O PFL é o segundo na lista de beneficiários, com R$ 17,4 milhões (19,58%). O bolo de 2002 soma R$ 91 milhões.
"Além do fundo, recebemos doações de simpatizantes e a contribuição de R$ 240 mensais de cada de um de nossos parlamentares", disse o deputado Márcio Fortes (RJ), secretário-geral do PSDB.
Líder nas pesquisas de opinião, o petista Luiz Inácio Lula da Silva está em pré-campanha por conta do fundo partidário, que vai bancar o maior investimento do PT neste ano: R$ 320 mil para o programa de tevê que vai ao ar dia 9 de maio. O montante também inclui a assessoria do publicitário Duda Mendonça aos filmes estaduais dos candidatos petistas.

Eclético
Disputando o segundo lugar na preferência do eleitorado, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PSB) tem uma contabilidade mais eclética. "Quando ele estava no governo, incluía agenda partidária em viagem oficial. Outras vezes, quem pagava as passagens e estadias era o PSB ou a Adhonep", afirmou o deputado Alexandre Cardoso (RJ), secretário nacional de finanças do PSB.
A Adhonep (Associação dos Homens de Negócios do Evangelho Pleno) congrega empresários, executivos e profissionais liberais cristãos de diferentes igrejas. Eles se reúnem, normalmente em jantares pagos, e recebem convidados para palestras. Entre eles, Garotinho.
O deputado Eduardo Campos (PE), ex-líder do PSB na Câmara, relatou uma das viagens que fez com Garotinho. Financiado pela Adhonep para fazer uma palestra, ele usou o dia livre, em Natal, em setembro do ano passado, para cumprir agenda de pré-campanha.
Se gasta em viagem, Garotinho economiza em marqueteiro. O ex-governador é tido como o principal estrategista de sua campanha. Bolou o bônus de R$ 1 para arrecadar doações em massa e já definiu até como vai ser o comercial para apresentar o produto.
Também para economizar, o PSB, em vez de pagar suas próprias pesquisas, espera que algum instituto registre a encomenda de um outro partido no TSE. Pela legislação, a legenda que requisitar pode pegar uma cópia do material. O PSB pega.

Comitê
Acusado de aliado infiel, o PTB tem sido o mais generoso partido da frente trabalhista -PTB, PDT e PPS- que apóia o pré-candidato Ciro Gomes. "Na média, desde agosto do ano passado, investimos R$ 30 mil por mês para divulgar nosso candidato", afirmou o deputado José Carlos Martinez (PR), presidente nacional do PTB.
A quantia parece pequena perto da contabilidade de tucanos e pefelistas. No entanto, Ciro Gomes é o único pré-candidato que já tem escritório político montado em Brasília -Roseana, Serra e Garotinho vão usar as instalações dos partidos; Lula ainda nem pensou no assunto.
A conta das salas comerciais de Ciro vai para o PTB, que também se preocupou em alugar um apartamento de três quartos para acomodá-lo na capital federal. Valor da fatura de escritório e moradia: R$ 15 mil mensais.
Com a firme disposição de mostrar que o casamento é para valer, o PTB imprimiu 1.530 carnês de contribuição padronizados para quem quiser, a partir de julho, ajudar a campanha de Ciro. Os boletos arrecadarão quatro parcelas de doações que variam de R$ 500 a R$ 5.000. Se conseguir 100% de sucesso em sua estratégia, o PTB vai arrecadar R$ 10 milhões.


Texto Anterior: Pesquisa eleitoral: TSE aumenta exigências para institutos
Próximo Texto: Márcio Fortes, secretário-geral do PSDB, é o maior doador do partido
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.