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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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ARCO DE ALIANÇAS

Segundo análise do Planalto, é preciso fortalecer base de apoio para negociar em melhores condições com PSDB e PFL

Governo mira PMDB e PP para votar reforma

RAYMUNDO COSTA
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo analisou os 442 votos dados ao projeto que permite a autonomia do Banco Central e concluiu que precisa fortalecer a base de apoio com o PMDB e o PP (antigo PPB) para não ficar refém da oposição na votação das reformas tributária e previdenciária.
O Planalto pretende procurar PSDB e PFL, que formam o núcleo duro da oposição ao governo petista, para negociar as duas reformas. Mas quer fazê-lo em uma posição de força para compor em condições mais favoráveis. Para isso, vai tentar já a partir desta semana consolidar a parceria com PMDB e PP.
Deve ser intensificada sobretudo a negociação para a participação do PMDB em conselhos do governo. A ocupação de ministérios fica para quando houver uma reforma do gabinete, mas cargos em estatais e nos Estados continuarão sendo oferecidos.
Excluídos os votos de PSDB e PFL, ainda assim o governo teria 323 votos -seriam necessários 308- a favor do projeto que regulamenta o artigo 192 da Constituição graças aos votos dados por PMDB e PPB.
A avaliação dos governistas é que PSDB e PFL somam no "bloco das reformas", mas que o governo só conseguirá apoio para o seu projeto se partir para a negociação em posição de força. Do contrário, ficara refém da oposição. Negociando com tucanos e pefelistas, o governo também acredita que pode compensar eventuais defecções de aliados.
Na análise feita por líderes governistas a partir da votação do projeto sobre o sistema financeiro, a conclusão foi que a dissidência no PT não deve ser superestimada. Só uns dois ou três deputados estariam dispostos a votar contra o Planalto e correr o risco de ser expulsos do partido.
Os chamados radicais do PT têm dados sinais de que vão criar novos problemas na reforma da Previdência, que mexe com regras do funcionalismo público, um dos principais sustentáculos eleitorais do partido.

"Lições"
"Todos nós tiramos lições deste episódio [a votação do projeto do sistema financeiro"", disse o líder do partido na Câmara, Nelson Pellegrino (BA), que prevê mais dificuldades com relação à reforma previdenciária. A senadora Heloísa Helena (AL) também prevê embate maior e reivindica mais discussões por parte do governo. "O governo deve começar o debate [da reforma" já", diz.
"A Previdência é outra história. Isso mexe com os servidores", disse o deputado Babá (PA), que se notabilizou como a voz mais estridente do radicalismo petista.
A votação da semana passada mostrou que alguns projetos do Planalto não contam com o apoio da maioria do PT - dos 92 deputados, 56 assinaram duas declarações de voto contrárias à autonomia do BC -, mas que a disciplina partidária é seguida: os 87 presentes votaram com o governo.
"Debate interno sempre houve e sempre vai haver; o que temos que assegurar é que vamos continuar votando unidos, de acordo com a decisão da maioria", diz Maria do Carmo Lara (MG).
Nesta semana, o objetivo do governo é destrancar a pauta na Câmara. Sete MPs estão trancando a pauta de votação. Se conseguir destrancá-la, existe a possibilidade de a Lei de Falências entrar na pauta. A expectativa é que ela seja votada em plenário entre o final de abril e o início de maio.
Tal lei é tida como prioritária pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) como forma de reduzir os juros bancários para empresas e pessoas físicas.



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