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ARCO DE ALIANÇAS
Segundo análise do Planalto, é preciso fortalecer base de apoio para negociar em melhores condições com PSDB e PFL
Governo mira PMDB e PP para votar reforma
RAYMUNDO COSTA
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo analisou os 442 votos
dados ao projeto que permite a
autonomia do Banco Central e
concluiu que precisa fortalecer a
base de apoio com o PMDB e o PP
(antigo PPB) para não ficar refém
da oposição na votação das reformas tributária e previdenciária.
O Planalto pretende procurar
PSDB e PFL, que formam o núcleo duro da oposição ao governo
petista, para negociar as duas reformas. Mas quer fazê-lo em uma
posição de força para compor em
condições mais favoráveis. Para
isso, vai tentar já a partir desta semana consolidar a parceria com
PMDB e PP.
Deve ser intensificada sobretudo a negociação para a participação do PMDB em conselhos do
governo. A ocupação de ministérios fica para quando houver uma
reforma do gabinete, mas cargos
em estatais e nos Estados continuarão sendo oferecidos.
Excluídos os votos de PSDB e
PFL, ainda assim o governo teria
323 votos -seriam necessários
308- a favor do projeto que regulamenta o artigo 192 da Constituição graças aos votos dados por
PMDB e PPB.
A avaliação dos governistas é
que PSDB e PFL somam no "bloco das reformas", mas que o governo só conseguirá apoio para o
seu projeto se partir para a negociação em posição de força. Do
contrário, ficara refém da oposição. Negociando com tucanos e
pefelistas, o governo também
acredita que pode compensar
eventuais defecções de aliados.
Na análise feita por líderes governistas a partir da votação do
projeto sobre o sistema financeiro, a conclusão foi que a dissidência no PT não deve ser superestimada. Só uns dois ou três deputados estariam dispostos a votar
contra o Planalto e correr o risco
de ser expulsos do partido.
Os chamados radicais do PT
têm dados sinais de que vão criar
novos problemas na reforma da
Previdência, que mexe com regras do funcionalismo público,
um dos principais sustentáculos
eleitorais do partido.
"Lições"
"Todos nós tiramos lições deste
episódio [a votação do projeto do
sistema financeiro"", disse o líder
do partido na Câmara, Nelson Pellegrino (BA), que prevê mais dificuldades com relação à reforma
previdenciária. A senadora Heloísa Helena (AL) também prevê
embate maior e reivindica mais
discussões por parte do governo.
"O governo deve começar o debate [da reforma" já", diz.
"A Previdência é outra história.
Isso mexe com os servidores",
disse o deputado Babá (PA), que
se notabilizou como a voz mais
estridente do radicalismo petista.
A votação da semana passada
mostrou que alguns projetos do
Planalto não contam com o apoio
da maioria do PT - dos 92 deputados, 56 assinaram duas declarações de voto contrárias à autonomia do BC -, mas que a disciplina partidária é seguida: os 87 presentes votaram com o governo.
"Debate interno sempre houve
e sempre vai haver; o que temos
que assegurar é que vamos continuar votando unidos, de acordo
com a decisão da maioria", diz
Maria do Carmo Lara (MG).
Nesta semana, o objetivo do governo é destrancar a pauta na Câmara. Sete MPs estão trancando a
pauta de votação. Se conseguir
destrancá-la, existe a possibilidade de a Lei de Falências entrar na
pauta. A expectativa é que ela seja
votada em plenário entre o final
de abril e o início de maio.
Tal lei é tida como prioritária
pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) como forma de reduzir os juros bancários para empresas e pessoas físicas.
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