São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TODA MÍDIA

A sombra do ex

NELSON DE SÁ

A exemplo de FHC, Bill Clinton ensaia sua volta ao jogo político.
Como noticiou o "Atlanta Journal-Constitution" e depois o "Washington Post", ontem, a campanha do democrata John Kerry tem uma "sombra" nos bastidores.
É Clinton quem está por trás das duas maiores financiadoras da campanha Kerry, em especial dos comerciais contra George W. Bush na TV, a Moveon.org e o Media Fund.
O ex-presidente está fazendo até solicitações de dinheiro por e-mail, tendo arrecadado US$ 2 milhões num único dia.
Com Clinton na articulação, o pouco empolgante John Kerry bateu o recorde de arrecadação de recursos eleitorais do Partido Democrata nos primeiros três meses -e encostou em Bush, agora financeiramente.
 
A internet é protagonista da eleição não só na arrecadação. A blogosfera, como se diz, com os sites pessoais de comentaristas influentes tipo Andrew Sullivan, se institucionalizou na opinião pública que corre em torno da campanha.
Um dos blogs, do liberal kos, abriu o jogo em favor de Kerry e passou então a ser atacado pelo InstaPundit, este um blog dado como conservador.
No meio do ruidoso conflito virtual, entraram a revista "The Weekly Standard", de Rupert Murdoch, com ataques a kos, e até mesmo o "Washington Post", ontem.

SADR

O clérigo muçulmano Moqtad Sadr, proscrito pelos EUA, deu face à revolta xiita no Iraque e vai ganhando aura de herói na mídia islâmica -e em outras.
A Al Jazeera dedicou um longo perfil a ele. Um jornal iraquiano, "Al-Mashriq", afirmou que "o rifle é o último meio", mas sustentou a decisão de Sadr de "rejeitar a ocupação e tudo o que ela implantar".
Até Naomi Klein, célebre pelo livro antiglobalização "No Logo" e hoje correspondente do canadense "Globe and Mail" em Bagdá, diz que ele "tem seu mercado" -e descreve como o monumento erguido no lugar da estátua de Saddam Hussein está coberto de imagens de Sadr.

Fórum
O sociólogo Emir Sader escreve da Itália, para o site Carta Maior, que "o Fórum Social nunca mais será o mesmo". Não só porque será bienal a partir de 2007, mas pelo "espírito da Índia", local da última edição. Agora vai buscar:
- Por um lado, a participação popular, marcante na Índia. Por outro, ações concretas.

Latinos
Sader, também no site, foi o primeiro intelectual brasileiro a criticar o novo e polêmico ensaio de Samuel Huntington na revista "Foreign Policy".
Huntington, de "O Choque das Civilizações", afirma agora que a invasão "latina" ameaça o modo de vida americano.

Necessidade
Sites católicos pelo mundo, como o Zenit.org, destacam comentário de João Paulo 2º, "em português", sobre a formação dos padres brasileiros:
- O Brasil tem necessidade de ministros bem formados.

Pitbull
Após o programa em que a Record atacou a Globo, o Jornal Nacional retribuiu ontem:
- Polícia investiga morte de rapaz de 13 anos encontrado em terreno da Igreja Universal, atacado por um cão, cruzamento de boxer e pitbull. A igreja não quis dar mais informações.

Império
"O Globo" dizia semanas atrás que a Igreja Universal está se tornando "uma multinacional". A Agência Latino-Americana de Comunicação, de notícias evangélicas, detalhou:
- A igreja expandiu seu império midiático com um canal em Atlanta, afiliado a uma das maiores redes dos EUA. E negocia rádio em Nova York.

Urânio
O "New York Times" deu ontem a resposta do Brasil à denúncia de que o país vem evitando inspeções.
O curioso é que o "NYT", a exemplo do "Valor", já havia publicado tanto a notícia como a resposta do país em dezembro, há quase quatro meses.

Morcegos
Mais do que o urânio, o que tem recebido cobertura diária de "USA Today", "Guardian" etc. é o caso dos morcegos assassinos de Belém do Pará.
Pelo mundo, ecoam as reportagens do paraense "O Liberal", como a notícia de que 13 pessoas já morreram, com raiva.

Rússia na fila
Do "Pravda", de Moscou, em texto sobre o avanço nas negociações Mercosul/China:
- Isso é algo que pode encorajar o Brasil a travar negociações sérias com a Federação Russa no curto prazo.

O PORTO

Rede Globo/Reprodução


Desta vez a culpa não foi creditada ao governador Roberto Requião, mas a Globo destacou longamente (acima) a nova fila no porto de Paranaguá. Foi causada por "um caminhão que bateu num poste", mas a rede disse que é "exemplo das dificuldades que os nossos produtores enfrentam".
O conflito está longe de terminar, no porto. Requião, no site do governo paranaense, diz que não vai exportar soja transgênica e que a paralisação recente, de impacto mundial, foi locaute, não greve. Reclama das pressões que "prejudicam a imagem do porto" no exterior.
Não é como "o maior exportador de soja, a Cargill," vê as coisas. Para um diretor, na Globo e em "O Globo", "vários problemas reduzem a produtividade do porto".
Mas Requião não tem parada. A Bloomberg destacou ontem a proibição pelo governador dos pesticidas da Monsanto no Paraná. Comentário da Bloomberg:
- É o passo mais recente de Roberto Requião, que vem preocupando investidores ao reverter contratos.

ENDEREÇOS

"Atlanta Journal-Constitution" - ajc.com; "Washington Post" - washingtonpost.com; Media Fund - makeamericaworkforus.org; blog kos - dailykos.com; blog InstaPundit - instapundit.com; "The Weekly Standard" - weeklystandard.com; "Al-Mashriq" - reprodução no site iwpr.net; "The Globe and Mail" - globeandmail.com; Carta Maior - agenciacartamaior.uol.com.br; "Foreign Policy" - foreignpolicy.com; "O Globo" - oglobo.globo.com/jornal; Agência Latino-Americana de Comunicação - www.alcnoticias.org; "The New York Times" - nytimes.com; "O Liberal" - www.oliberal.com.br; "Pravda" - pravda.ru; Governo do Paraná - www.pr.gov.br; Bloomberg - bloomberg.com


Texto Anterior: Elio Gaspari: "Pôr pra trabalhar gente que nunca trabalhou"
Próximo Texto: Energia política: Brasil não é "nação suspeita" e não vai recuar, diz Amorim
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.