São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ A HORA DA IMPUNIDADE

João Paulo Cunha comemora absolvição e deve ser incorporado informalmente à campanha do presidente Lula à reeleição

Almoço em Brasília reúne mensaleiros do PT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os mensaleiros do PT festejaram ontem a absolvição do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) com um almoço num restaurante em Brasília.
Além de João Paulo, compareceram outros protagonistas do escândalo do mensalão: o ex-líder do governo Professor Luizinho (SP), também absolvido, o ex-líder do PT Paulo Rocha (PA), que renunciou para escapar à cassação, e o próximo da fila dos cassáveis, José Mentor (SP). O grupo bebeu vinho e, em vários momentos do almoço, gargalhou, em clima de grande descontração.
Absolvido pelo plenário da Câmara anteontem por 256 votos contra 209, o deputado João Paulo Cunha deve integrar informalmente o comando da campanha à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente da Câmara pretende ajudar na montagem dos palanques estaduais.
João Paulo sempre foi tido como um especialista dentro do partido em análises de conjuntura eleitoral. Coordenou o Grupo de Trabalho Eleitoral do PT na campanha municipal de 2000, quando o partido obteve uma ampla vitória, inclusive conquistando a Prefeitura de São Paulo. Em 2002, ele também pertenceu à coordenação da campanha de Lula.
Existe no momento uma carência aguda de quadros na burocracia partidária. Os ex-presidentes do partido José Dirceu e José Genoino saíram desmoralizados da crise, assim como o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. Em situação ainda pior ficaram outros dois operadores internos do PT, o ex-secretário-geral Sílvio Pereira e o ex-tesoureiro Delúbio Soares. Dificilmente o ex-presidente da Câmara ocupará um cargo formal na coordenação de Lula. Atuará nos bastidores.

Retorno lento
O retorno de João Paulo à ribalta política deve se dar gradualmente. O parlamentar avalia que precisa levar a cabo um trabalho de reconstrução de sua imagem. Ele tem consciência de que carregará sequelas do episódio: "Serei sempre visto como um mensaleiro", disse o deputado em seu discurso na tribuna, anteontem.
Mas ele parte de uma condição melhor para se reerguer do que seus colegas de partido: os 256 votos pela absolvição (apenas um a menos do que maioria absoluta da Câmara) superaram as expectativas mais otimistas do petista -especialmente depois da intensificação das pressões por sua cassação após a dança da deputada Angela Guadagnin no plenário em comemoração à absolvição do deputado João Magno (PT-MG).
João Paulo, que disputará a reeleição para a Câmara, já vê seu poder de barganha interna no PT aumentar. Decidirá nos próximos dias entre apoiar o senador Aloizio Mercadante ou a ex-prefeita Marta Suplicy para o governo paulista. Hoje, ele tende para Marta. Os dois pré-candidatos participam amanhã, em Embu (SP), de debates promovidos diretório regional de Osasco (SP), que João Paulo controla.
Ontem ele evitou a imprensa. Passou o dia com a mãe, a mulher, a filha, a irmã e o sogro em seu apartamento. Tenta não demonstrar euforia em público para não sofrer o efeito Angela Guadagnin -a deputada que dançou em plenário e foi criticada por isso.
(FÁBIO ZANINI)


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