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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ A HORA DA IMPUNIDADE
João Paulo Cunha comemora absolvição e deve ser incorporado informalmente à campanha do presidente Lula à reeleição
Almoço em Brasília reúne mensaleiros do PT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os mensaleiros do PT festejaram ontem a absolvição do ex-presidente da Câmara João Paulo
Cunha (PT-SP) com um almoço
num restaurante em Brasília.
Além de João Paulo, compareceram outros protagonistas do escândalo do mensalão: o ex-líder
do governo Professor Luizinho
(SP), também absolvido, o ex-líder do PT Paulo Rocha (PA), que
renunciou para escapar à cassação, e o próximo da fila dos cassáveis, José Mentor (SP). O grupo
bebeu vinho e, em vários momentos do almoço, gargalhou, em clima de grande descontração.
Absolvido pelo plenário da Câmara anteontem por 256 votos
contra 209, o deputado João Paulo Cunha deve integrar informalmente o comando da campanha à
reeleição de Luiz Inácio Lula da
Silva. O ex-presidente da Câmara
pretende ajudar na montagem
dos palanques estaduais.
João Paulo sempre foi tido como um especialista dentro do
partido em análises de conjuntura
eleitoral. Coordenou o Grupo de
Trabalho Eleitoral do PT na campanha municipal de 2000, quando
o partido obteve uma ampla vitória, inclusive conquistando a Prefeitura de São Paulo. Em 2002, ele
também pertenceu à coordenação da campanha de Lula.
Existe no momento uma carência aguda de quadros na burocracia partidária. Os ex-presidentes
do partido José Dirceu e José Genoino saíram desmoralizados da
crise, assim como o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho.
Em situação ainda pior ficaram
outros dois operadores internos
do PT, o ex-secretário-geral Sílvio
Pereira e o ex-tesoureiro Delúbio
Soares. Dificilmente o ex-presidente da Câmara ocupará um cargo formal na coordenação de Lula. Atuará nos bastidores.
Retorno lento
O retorno de João Paulo à ribalta política deve se dar gradualmente. O parlamentar avalia que
precisa levar a cabo um trabalho
de reconstrução de sua imagem.
Ele tem consciência de que carregará sequelas do episódio: "Serei
sempre visto como um mensaleiro", disse o deputado em seu discurso na tribuna, anteontem.
Mas ele parte de uma condição
melhor para se reerguer do que
seus colegas de partido: os 256 votos pela absolvição (apenas um a
menos do que maioria absoluta
da Câmara) superaram as expectativas mais otimistas do petista
-especialmente depois da intensificação das pressões por sua cassação após a dança da deputada
Angela Guadagnin no plenário
em comemoração à absolvição do
deputado João Magno (PT-MG).
João Paulo, que disputará a reeleição para a Câmara, já vê seu poder de barganha interna no PT
aumentar. Decidirá nos próximos
dias entre apoiar o senador Aloizio Mercadante ou a ex-prefeita
Marta Suplicy para o governo
paulista. Hoje, ele tende para
Marta. Os dois pré-candidatos
participam amanhã, em Embu
(SP), de debates promovidos diretório regional de Osasco (SP),
que João Paulo controla.
Ontem ele evitou a imprensa.
Passou o dia com a mãe, a mulher,
a filha, a irmã e o sogro em seu
apartamento. Tenta não demonstrar euforia em público para não
sofrer o efeito Angela Guadagnin
-a deputada que dançou em plenário e foi criticada por isso.
(FÁBIO ZANINI)
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