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QUESTÃO INDÍGENA
Índios matam 2 garimpeiros em Rondônia, diz PF
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Dois garimpeiros foram mortos
e outro ferido por índios cintas-largas anteontem dentro da reserva indígena Roosevelt, em Espigão do Oeste (RO), afirmou o delegado da PF (Polícia Federal)
Mauro Spósito. Por coincidência,
hoje faz dois anos que ocorreu o
massacre de 29 garimpeiros assassinados na área, rica em diamantes.
"Foi briga por causa de dívida.
Os garimpeiros prometem mundos e fundos para os índios. Depois não pagam e índios matam",
afirmou Spósito. Garimpo em
terra indígena é ilegal. "Os índios
levam os garimpeiros para dentro. Na hora do acerto de contas,
ocorrem os desentendimentos",
disse o delegado.
O chefe do garimpo, Panderê
Cinta-Larga, 31, negou ontem que
a extração de diamantes esteja
ocorrendo. "As compras e o combustível [para tratores e dragas]
não entram mais [na reserva]. As
estradas, a polícia trancou todas.
Então, está parado há três meses",
afirmou o índio. "Há gente lá dentro que entra varando [às escondidas, por trechos no meio da floresta]", afirmou Panderê, que disse desconhecer as mortes.
As vítimas -mortas a tiros e
com uma flechada- foram identificadas pelo apelidos: Macarrão
e Pernambuco. O garimpeiro ferido ainda não foi ouvido.
O delegado disse que, desta vez,
o resgate dos dois mortos será feito por caminhonetes que vão demorar oito horas para chegar ao
local, devido às chuvas.
A reserva dos 1.300 cintas-largas
possui 2,7 milhões de hectares (18
vezes o tamanho da cidade de São
Paulo). Em 2003, após a PF retirar
quase 5.000 garimpeiros da área,
os índios assumiram a extração
ilegal de diamantes.
Panderê diz que os garimpeiros
começaram a invadir a reserva.
Em 7 de abril de 2004, um grupo
de índios matou 29 deles. Após
abrir uma clareira e jogar rede puxada por helicópteros, a PF resgatou 26 corpos. Os outros foram
encontrados na entrada da aldeia.
O massacre resultou no indiciamento de 28 índios acusados de
participação. O processo está parado. A PF informou que mantém
diariamente 24 policiais para evitar a extração da pedra. Os índios
querem a legalização do negócio.
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