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PF vê elementos para apurar o vazamento de dossiê anti-FHC
Diretor-geral de instituição discute com ministro da Justiça se será aberto inquérito
Caso Polícia Federal entre na investigação, idéia é que não seja apurada motivação política do governo para elaborar dossiê da era FHC
ANDRÉA MICHAEL
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando
Corrêa, existem elementos que
justificam a abertura de um inquérito para apurar o vazamento de trechos de um dossiê com
gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da
sua mulher Ruth, de ex-ministros tucanos e até da ex-chef do
Planalto Roberta Sudbrack.
O ministro Tarso Genro
(Justiça) se reúne hoje com a
direção da PF para discutir se a
instituição participará da investigação do caso. Segundo
apurou a Folha, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) passou a Tarso, no final de semana, informações sobre o caso.
O Palácio do Planalto quer
que a PF investigue quem vazou os dados e quem invadiu os
computadores da Casa Civil,
mas não deseja apuração sobre
eventual motivação política do
governo para elaborar o dossiê
a fim de intimidar a oposição
na CPI dos Cartões.
De acordo com a assessoria
do diretor-geral da PF, Corrêa
considera que o fato decisivo
para a abertura do inquérito foi
a publicação, pela Folha, na última sexta-feira, de uma foto
na qual a reprodução da imagem de uma tela de computador comprova que trechos do
dossiê saíram da Casa Civil.
Como se trata de um órgão
federal, é atribuição constitucional da PF investigar o episódio e chegar ao responsável pelo repasse ilegal das informações. Ainda segundo a assessoria do delegado, a Corrêa não
cabe fazer a discussão se as informações seriam sigilosas ou
não. Também não é necessário
que a PF seja instada a atuar,
diante da comprovação pela fotografia publicada, de que os
dados efetivamente saíram da
Casa Civil.
Na avaliação da cúpula do governo, a entrada da PF na investigação ajudaria a fortalecer
a versão de que Dilma é inocente e que não teme eventuais revelações que possam prejudicá-la politicamente. Antes de
se reunir com a direção da PF,
Tarso participará do encontro
semanal que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva faz com
seus principais ministros para
discutir as prioridades do governo.
Por ora, Lula continua empenhado em proteger Dilma, ministra que ele tenta viabilizar
como candidata do PT na eleição presidencial de 2010.
Se iniciada a investigação,
que deve ser conduzida pela
Diretoria de Inteligência Policial ou pela Superintendência
da PF no Distrito Federal, dificilmente a apuração se manterá nos limites de identificação
do responsável pelo vazamento, como deseja o Planalto.
Se a PF descobrir quem invadiu e vazou os dados, provavelmente perguntará quais foram
suas motivações.
Na sexta-feira, o deputado
Raul Jungmann (PPS-PE)
apresentou um pedido oficial à
Superintendência da PF em
Pernambuco no qual requer a
investigação de tudo relacionado ao episódio. Foi uma maneira de derrubar o argumento,
até então usado pelo ministro
da Justiça, de que havia necessidade de provocar a PF para
que a instituição entrasse no
caso -um entendimento hoje
aparentemente superado por
razões técnicas e que aponta
uma mudança nos argumentos
de Tarso Genro desde a deflagração do caso.
A análise do dossiê ao qual a
Folha teve acesso mostra que o
documento foi elaborado com
viés político. Não há, por exemplo, seqüência cronológica das
despesas incluídas na organização da maior parte das planilhas do documento, de 27 páginas. Foram pinçados dados específicos sobre o governo anterior, sigilosos e públicos e foi
feita uma coluna com o nome
de "observações" sobre gastos.
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