|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Com que roupa?
VERA MAGALHÃES
EDITORA DE BRASIL
Ao partir para o confronto direto com José Serra, abandonando a atitude conciliadora
que procurou adotar nos últimos meses no governo, Dilma
Rousseff pode estar querendo
"desmascarar" o "lobo na pele
de cordeiro", expressão que
usou em três discursos em dois
dias, mas corre o risco de expor,
ela própria, algumas contradições entre a imagem que vem
tentando construir e aquela
que deixará transparecer ao
sair de sob as asas de Lula.
A Dilma que acompanhou o
presidente em praticamente
todas as fotos e aparições públicas nos últimos meses é afável,
não entra em bola dividida
quando há diferentes pontos de
vista dentro do próprio governo, é sorridente, solícita com
aliados e imprensa e olha para a
frente, não para o passado.
Com isso, a ideia da equipe do
marqueteiro João Santana era
suavizar a imagem de durona,
por vezes briguenta e ríspida
com subordinados e colegas
que a ministra colecionou antes de ser confirmada como
pré-candidata por Lula.
Ao provocar um bate-boca
com a oposição, a candidata do
PT pode criar ruído nesse trabalho de construção de imagem, além de esvaziar de sentido o "roteiro sentimental" iniciado ontem por ela, com direito a vários "uai" estrategicamente enxertados em sua fala e
homenagens a mineiros ilustres. Basta ver a ginástica que a
candidata teve de fazer para
criticar FHC e o PSDB, mas
poupar Aécio Neves, importante cabo eleitoral em Minas.
Os passos dos candidatos,
nessa fase inicial da pré-campanha, ainda são erráticos e se
inscrevem na lógica da tentativa e erro. Pesquisas e reuniões
do QG político deverão avaliar
se essa mistura de mineirice
-sempre associada à cordialidade- e contundência gaúcha
ajudam ou atrapalham a candidata, agora que ela circula sem
o anteparo de Lula.
Texto Anterior: PT contrata ex-diretor da Campus Party Próximo Texto: Lançamento de candidatura de Serra agora terá discurso de FHC Índice
|