São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2010

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ANÁLISE

Com que roupa?

VERA MAGALHÃES
EDITORA DE BRASIL

Ao partir para o confronto direto com José Serra, abandonando a atitude conciliadora que procurou adotar nos últimos meses no governo, Dilma Rousseff pode estar querendo "desmascarar" o "lobo na pele de cordeiro", expressão que usou em três discursos em dois dias, mas corre o risco de expor, ela própria, algumas contradições entre a imagem que vem tentando construir e aquela que deixará transparecer ao sair de sob as asas de Lula.
A Dilma que acompanhou o presidente em praticamente todas as fotos e aparições públicas nos últimos meses é afável, não entra em bola dividida quando há diferentes pontos de vista dentro do próprio governo, é sorridente, solícita com aliados e imprensa e olha para a frente, não para o passado.
Com isso, a ideia da equipe do marqueteiro João Santana era suavizar a imagem de durona, por vezes briguenta e ríspida com subordinados e colegas que a ministra colecionou antes de ser confirmada como pré-candidata por Lula.
Ao provocar um bate-boca com a oposição, a candidata do PT pode criar ruído nesse trabalho de construção de imagem, além de esvaziar de sentido o "roteiro sentimental" iniciado ontem por ela, com direito a vários "uai" estrategicamente enxertados em sua fala e homenagens a mineiros ilustres. Basta ver a ginástica que a candidata teve de fazer para criticar FHC e o PSDB, mas poupar Aécio Neves, importante cabo eleitoral em Minas.
Os passos dos candidatos, nessa fase inicial da pré-campanha, ainda são erráticos e se inscrevem na lógica da tentativa e erro. Pesquisas e reuniões do QG político deverão avaliar se essa mistura de mineirice -sempre associada à cordialidade- e contundência gaúcha ajudam ou atrapalham a candidata, agora que ela circula sem o anteparo de Lula.


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