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Maluf age em causa própria, diz Procuradoria
Ministério Público faz protestos contra projeto do deputado que prevê punição para membros da instituição que agirem de "má-fé"
Segundo Maluf, texto não visa amordaçar o órgão, e o que deve ser discutido na Câmara é o mérito do projeto de lei, não a sua vida pessoal
FELIPE SELIGMAN
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes do Ministério Público afirmaram ontem
que o deputado Paulo Maluf
(PP-SP) "legisla em causa própria" ao propor na Câmara dos
Deputados a punição judicial
de procuradores e promotores
que "agirem de má-fé".
Ontem, o Ministério Público
Federal e os estaduais organizaram uma série de atos em todo o país para pedir que o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), retire da pauta o
projeto de lei batizado de "Lei
Maluf" ou "Lei da Mordaça".
O texto prevê a responsabilização do membro do Ministério Público que, de forma abstrata, propuser ações "temerárias" ou que agir de "má-fé", visando promoção pessoal ou
perseguição política.
Hoje, procuradores e promotores que cometem abusos podem ser processados na Justiça
comum ou, administrativamente, nas corregedorias e no
CNMP (Conselho Nacional do
Ministério Público).
Ontem, membros da instituição foram ao Congresso falar
diretamente com Temer. Entre
os presentes estava o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que afirmou que o
projeto é uma retaliação de políticos investigados pelo Ministério Público, como o próprio
Maluf.
O projeto, que foi aprovado
na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), tramita em
regime de urgência com o apoio
da maioria dos líderes da Casa.
Para o presidente da Associação Nacional dos Procuradores
da República, Antônio Carlos
Bigonha, Maluf é o "menos habilitado" para ser o autor da
proposta. "Ele foi alvo de diversas investigações do Ministério
Público. Não deveria legislar
em causa própria", disse.
Em artigo, o presidente da
Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, César Mattar, disse que o projeto é
mais uma tentativa dos "ímprobos de plantão" de calar a
instituição. Em nota, o CNMP
informou que o projeto cria
uma "situação intimidatória".
"Responsabilidade"
O deputado Paulo Maluf disse ontem que o projeto de lei
não pretende amordaçar o Ministério Público, mas visa exigir
que toda ação popular, civil ou
criminal tenha início a partir de
argumentos jurídicos sólidos.
"Não é a "Lei da Mordaça", é a
lei da responsabilidade, pois
exige que o autor da ação, seja
promotor ou não, esteja amparado em uma base jurídica sólida. Se o meu projeto tiver alguma ambiguidade, pode ser corrigido. Mas quero que se discuta o mérito do projeto de lei,
não a minha vida pessoal", disse Maluf. Para ele, "só quem
tem medo de ser julgado" é
contra o projeto de lei.
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