São Paulo, quarta, 7 de maio de 1997.



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PRIVATIZAÇÃO
Líder do Consórcio Brasil e presidente da CSN afirma que não pretende alterar a estrutura da empresa
Steinbruch diz que mudança será lenta

SILVANA QUAGLIO
enviada especial ao Rio


Os novos donos da Vale do Rio Doce não pretendem mexer na estrutura da empresa, nem fazer mudanças bruscas. A empresa não será desmembrada, porque ganha valor se todas as áreas continuarem juntas.
"Nos próximos seis meses, vamos conhecer bem a situação da empresa. Deveremos fazer uma reorganização, mas de forma lenta e progressiva, não haverá nada traumático", disse Benjamin Steinbruch, líder do Consórcio Brasil, que venceu o leilão.
Steinbruch é o presidente do Conselho de Administração da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), uma das quatro maiores siderúrgicas do país. A CSN comprou a maior fatia da Vale: 16,3%. Para isso, investirá R$ 1,3 milhão.
Segundo Steinbruch, será feita uma reunião entre os novos acionistas para decidir quem comandará a Vale. O empresário disse que tem "muito respeito" por Eliezer Batista, o "pai" da Vale.
"Ele é uma das pessoas que mais entende de Vale e poderá nos ajudar muito", disse Steinbruch. Os funcionários da Vale também podem esperar parceria por parte do novo grupo controlador.
Steinbruch afirmou que discutirá com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sobre a possibilidade de o BNDESpar se tornar acionista. O BNDESpar poderá investir R$ 500 milhões para comprar 10% das ações que o governo vendeu.
Também os membros do consórcio rival, o Valecom, liderado pelo empresário Antonio Ermírio de Moraes, poderão conversar com os novos controladores.
Steinbruch disse que telefonaria para Ermírio de Moraes ontem à noite para cumprimentá-lo. "Nossas diferenças foram de conceito, nunca houve nada pessoal."
Os demais participantes do consórcio vencedor são quatro grandes fundos de pensão de funcionários de estatais, o banco Opportunity e o banco norte-americano Nations Bank.
O Bradesco poderá se tornar acionista da Vale em um ano. Foi feita uma engenharia financeira para permitir que o banco participasse indiretamente, já que o BNDES proibiu a entrada direta do banco. O Bradesco participou do grupo que fez a avaliação e a modelagem de venda da estatal.

O dia
Steinbruch viajou de São Paulo para o Rio por volta das 6h de ontem. Ocupou uma sala especial na Bolsa de Valores do Rio e, de lá, deu as ordens.
"Estávamos preparados para ir um pouco mais longe nos lances", afirmou o empresário satisfeito.



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