São Paulo, domingo, 07 de maio de 2006 |
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CAMPO MINADO Sem-terra fazem invasão de área no interior de SP
FABRÍCIO FREIRE GOMES DA FOLHA RIBEIRÃO Cerca de 200 famílias integrantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) invadiram na madrugada de sábado a fazenda Nova Mata, que pertence ao grupo Samello -uma das maiores empresas do setor calçadista de Franca (401 km de São Paulo). A propriedade, de 1.400 hectares, fica em Cristais Paulista, cidade vizinha de Franca. A invasão teve início por volta da 1h30. Não houve resistência. Esta é a segunda ação do MLST neste ano na região. Em fevereiro, 201 famílias invadiram a fazenda Santana, também em Cristais Paulista. Segundo a coordenação regional do movimento, a ação faz parte de uma jornada nacional para acelerar a reforma agrária e devem ocorrer outras invasões na região de Ribeirão Preto e em outros Estados, como Minas Gerais e Pernambuco. De acordo com o coordenador nacional do MLST, Marcos Praxedes, a fazenda da Samello foi escolhida porque a empresa está demitindo dezenas de funcionários e está demorando para fazer o acerto. "A Samello não está cumprindo sua função social. Queremos que o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] compre a fazenda, que vale cerca de R$ 30 milhões. Além de assentar dezenas de famílias, a empresa pode honrar os compromissos com seus funcionários", afirmou. A escolha da propriedade da Samello também está ligada a uma iniciativa do MLST de se aproximar dos conflitos urbanos. Na semana passada, o movimento anunciou que pretende ocupar fábricas na região de Ribeirão que estão em processo de falência e apoiar os funcionários para que assumam o controle do empreendimento. Para o administrador da fazenda, Antonio Galvão Borges, 63, a invasão foi uma "surpresa", já que a propriedade é inteiramente produtiva -38 funcionários trabalham com gado, café e eucalipto. "A empresa [Samello] ligou logo cedo dizendo para eu não fazer nada, mas eles vão acabar saindo. Aqui é tudo produtivo." A escolha da fazenda conta com o apoio do Sindicato dos Sapateiros de Franca e Região. "Hoje [sábado] vamos começar uma campanha em Franca para que os funcionários demitidos da Samello venham para a fazenda. Neste ano, foram cerca de 200 demissões, e muitos não receberam seus direitos", afirmou o diretor do sindicato, Helton Luís da Silva, 26. Até o final da manhã de ontem, a empresa não havia registrado nenhum boletim de ocorrência. A Folha não conseguiu localizar ontem nenhum responsável da Samello para comentar sobre a invasão da fazenda e a situação financeira da empresa. O MLST é uma dissidência do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Além das duas fazendas invadidas neste ano em Cristais Paulista, o grupo conta na região de Ribeirão Preto com 140 famílias vivendo no assentamento Boa Sorte, em Restinga, e cerca de 110 no acampamento da fazenda da Barra, em Ribeirão Preto. Texto Anterior: Livro/Análise: Senador omite mensalão e faz apologia com números Índice |
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