Paz provisória

Os desdobramentos das operações Têmis e Hurricane, que abalaram a Justiça federal de São Paulo e do Rio, prosseguirão em duas frentes, embora ofuscados pela visita do papa Bento 16 ao Brasil. Nos tribunais superiores, advogados correm atrás de cópias dos autos para elaborar peças de defesa. No Ministério Público Federal, procuradores rastreiam processos e selecionam documentos colhidos nas diligências de busca e apreensão. O cruzamento de informações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) já revelou, por exemplo, que um dos investigados da Têmis, muito próximo de uma juíza, é citado nas operações de lavagem de dinheiro do Banestado, no Paraná. A denúncia não deverá sair neste mês.

Aos poucos. DEM e PSDB acertaram o passo e concordaram que a CPI do Apagão Aéreo deverá iniciar concentrando o foco no acidente com o Boeing da Gol. Só depois de duas ou três semanas, já com "credibilidade acumulada", é que surgirão as tentativas de encurralar o governo.

Nem mais um dia. Nas reuniões preliminares da coordenação governista na CPI do Apagão Aéreo, uma decisão já foi tomada: não se admitirá a prorrogação de prazo das investigações.

Cutucão. O governo dá mostras de que também pode tentar enredar a oposição na CPI do Apagão Aéreo. Miro Teixeira (PDT-RJ) sugeriu que seja investigada a venda da Brasif, que controlava os free shops em vários aeroportos, para uma empresa suíça. O alvo é Jorge Bornhausen, ex-vice-presidente da Brasif.

Greve. Heráclito Fortes (DEM-PI) avisou aos líderes do governo: se sua CPI das ONGs não for instalada nesta semana, passará a comandar a obstrução dos trabalhos de plenário, ainda que à revelia de seu próprio partido.

Portos esvaziados. PR e PSB aguardam com a mesma ansiedade o texto da medida provisória que criará a Secretaria de Portos. O partido de Alfredo Nascimento diz ter recebido de Lula a garantia de que portos fluviais, hidrovias e o Fundo da Marinha Mercante ficam nos Transportes.

Intercâmbio. Roberto Freire e Raul Jungmann se encontram nesta semana com Fernando Henrique Cardoso. Vão formalizar o convite para escrever uma tese sobre a esquerda para a Conferência Caio Prado Jr., que o PPS realiza em agosto. FHC já sinalizou que topa a empreitada.

Tricô 1. Continuam as melhores possíveis as relações do presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), com Aldo Rebelo (PC do B-SP), próximos desde a disputa pela presidência da Casa. O que os une é a eleição para as prefeituras em 2008.

Tricô 2. Os partidos de Maia e Rebelo querem deixar de ser linha-auxiliar de PT e PSDB, que polarizam a hegemonia política brasileira. A tese, válida para os "demos" e para o chamado "bloquinho", que reúne PC do B, PSB e PDT, é que não pode haver "alinhamento automático".

Divórcio. O PSDB rompeu com o prefeito de Salvador, João Henrique. O partido se lançará em vôo solo pela candidatura de Antonio Imbassahy, mas teme ficar isolado na campanha, uma vez que Henrique trocou o PDT pelo PMDB de Geddel Vieira Lima.

Outsider. Já o DEM, que perdeu as últimas eleições na Bahia, deve se escorar no radialista Raimundo Varella, hoje no PTC (mas que pode ir para o PR) na disputa em Salvador. Os "demos" baianos não querem enfrentar João Henrique nem o candidato de Jaques Wagner (PT).

Do jeito que deu. Com a prestação de contas atrasada, o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, deixou no TSE quatro caixas de documentos. E pediu prazo para reorganizar as contas pelo sistema antigo.

Tiroteio

Os que se elegem para cargos públicos se consideram condôminos do Estado.

O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) estava reunido com assessores em seu gabinete quando foi chamado para uma votação nominal. Ele saiu apressado, pegou um paletó sobre a mesa e foi para o plenário.
No final do dia, caminhando de volta ao gabinete, o petista encontrou uma assessora:
-Acho que engordei muito. Passei o dia inteiro sem poder me mexer dentro dessa roupa.
A assessora caiu na risada:
-Seu assessor jurídico está lá no gabinete com uma paletó enorme...


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