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PF prende líder de arrozeiros e 10 seguranças em Roraima
Quartiero é dono da fazenda onde nove índios ficaram feridos após confronto anteontem
Prisão revoltou parte da
população, que entrou em
confronto com policiais;
tumulto acabou após uso de
bombas de efeito moral
ANDREZZA TRAJANO
COLABORAÇÃO PARA
A AGÊNCIA FOLHA, EM PACARAIMA (RR)
A Polícia Federal prendeu
ontem o rizicultor e prefeito de
Pacaraima (RR), Paulo César
Quartiero (DEM), 55, pela suspeita de tentativa de homicídio,
formação de quadrilha e posse
de artefatos explosivos.
Anteontem, um confronto
entre funcionários de Quartiero e índios, dentro da fazenda
Depósito, que pertence ao arrozeiro, deixou ao menos nove índios feridos -sendo oito baleados, de acordo com a PF.
A fazenda fica dentro da terra
indígena Raposa/Serra do Sol
(nordeste de Roraima), de onde
arrozeiros -liderados por
Quartiero- se recusam a sair.
Na noite de ontem, índios que
participaram da ação decidiram deixar a fazenda, após trégua acertada com a PF.
Além de Quartiero, detido na
sede da Vila do Surumu, foram
presos o filho dele, Renato
Quartiero, e dez funcionários
da propriedade.
As prisões ocorreram durante cumprimento de um mandado de busca e apreensão determinado pelo STF (Supremo
Tribunal Federal) na fazenda
Depósito. Lá, foram encontrados explosivos, artefatos para
construção de bombas, escudos
e bombas caseiras. Não foram
localizadas armas de fogo.
Segundo o coordenador-geral da Operação Upatakon 3,
Fernando Segóvia, delegado da
PF, o que foi encontrado na fazenda foi suficiente para "prender toda a quadrilha". Segóvia
disse que Quartiero é o líder do
grupo. "A materialidade do crime encontrada é permanente.
Não precisava de mandado de
prisão para prender o Quartiero", afirmou o delegado.
A Folha não conseguiu localizar os advogados dos presos,
que foram levados à Superintendência da PF em Boa Vista.
A prisão de Quartiero revoltou parte da população, que entrou em confronto com policiais e homens da Força Nacional de Segurança. Moradores
jogaram pedras nos policiais,
que reagiram com bombas de
efeito moral, balas de borracha
e spray de pimenta. O tumulto,
que demorou mais de uma hora para ser contido, deixou três
moradores feridos levemente.
O mecânico Ian Barbosa, um
dos dez funcionários presos, é
suspeito de ter participado do
confronto com indígenas anteontem. Além disso, o líder indígena José Brazão, que apóia o
arrozeiro, foi preso, apontado
pela PF como autor de agressões contra policiais.
No final de março, Quartiero
já havia sido preso em um protesto contra a presença de policiais federais na terra indígena.
Na ocasião, a Polícia Federal
afirmou que ele desacatou
agentes e tentou obstruir o trabalho dos policiais. Após pagamento de fiança, ele foi solto.
Colaborou JOSÉ EDUARDO RONDON ,
da Agência Folha
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