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"PF vai responsabilizar pistoleiros", diz Tarso
Ministro pede calma a índios durante visita a fazenda invadida anteontem e é chamado de "irresponsável" por prefeito de Pacaraima (RR)
Petista não foi reconhecido por líder indígena e teve a escolta de pelo menos 20 policiais, além de proteção de um helicóptero da PF
HUDSON CORRÊA
DO ENVIADO À VILA DO SURUMU (RR)
O ministro da Justiça, Tarso
Genro, afirmou ontem -dentro da fazenda onde nove índios
foram feridos anteontem na reserva Raposa/Serra do Sol em
Roraima- que a Polícia Federal vai "responsabilizar os pistoleiros" que feriram os índios.
Escoltado por ao menos 20
policiais e protegido por helicóptero que fazia sobrevôos em
círculos com um atirador na
porta, Tarso chegou, foi cercado por índios e disse: "Estamos
aqui para fazer uma investigação e responsabilizar as pessoas que causaram esse incidente grave. Confiem no trabalho da PF e da Força Nacional".
"O senhor quem é?", perguntou o líder macuxi Djacir Merequior da Silva. "Sou ministro da
Justiça do país", disse Tarso.
"Como é o nome do senhor?",
disse Djacir. "Tarso Genro",
respondeu o ministro, que veio
de helicóptero de Boa Vista,
desceu em Vila do Surumu e foi
ao local onde os índios montaram 20 barracas anteontem.
Tarso pediu calma aos índios,
mas ouviu que eles vão recuperar a terra "na lei ou na marra".
Cerca de cem indígenas permanecem na fazenda.
"É um irresponsável. [Tarso]
veio aqui ver o que a política indígena do governo Lula criou",
disse o dono da fazenda, Paulo
César Quartiero (DEM), prefeito de Pacaraima, município onde está a terra indígena, no início da tarde, antes de ser preso.
Quartiero lidera movimento
de produtores de arroz que lutam para manter fazendas na
área homologada como indígena por Lula em 2005. Ele admite que seus funcionários, encapuzados, atiraram contra os índios, mas só para se defender.
Segundo o líder indígena
Djacir Merequior disse à Folha, mais índios estão chegando à área para manter a invasão. Mesmo se a demarcação
for revista pelo STF, os índios
vão retirar os produtores da arroz da área, disse o líder Martinho Macuxi Souza, 37.
A desocupação da Raposa foi
suspensa pelo STF. Ao menos
cem policiais federais e da Força Nacional, porém, estão na
Vila do Surumu. "Vai ser breve,
daqui a 15, 30 dias sai a decisão
do Supremo", disse Tarso.
Tarso afirmou que conversou com o ministro Carlos Ayres Britto, do STF, relator do
processo da Raposa/Serra do
Sol e informou que o inquérito
para apurar quem "são os pistoleiros e mandantes" não fere a
decisão do Supremo de suspender a desocupação.
O ministro disse que terra indígena na fronteira "não afeta a
soberania nacional coisa nenhuma. Uns estão desinformados e outros acham que a única
forma de ocupação é deixar fazendeiros trabalharem. Isso é
um preconceito", disse.
Quartiero rebate: "O que o
CIR [Conselho Indígena] e as
ONGs estão pedindo é um cadáver, igual à [freira] Dorothy
Stang [assinada em 2005].
Quase conseguiram".
O prefeito disse que entrou
na Justiça com pedido de reintegração de posse da fazenda.
O governo federal protocolou ontem no STF pedido de
mandado de busca e apreensão
para que PF e Força Nacional
retirem dos não-índios da reserva armas, munições e explosivos. O texto, da Advocacia Geral da União e da Funai, diz que
foi "legítimo" o ato dos índios.
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