São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2008

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Paulinho diz ser inocente e critica ação da PF

Deputado, que foi à tribuna da Câmara se defender, questiona por que polícia não prendeu homem que foi à sua sala

Reunião da Executiva do PDT durou quase três horas e direção decidiu apoiá-lo; para Paulinho, investigação pode ter interesse eleitoral


SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, se defendeu ontem no plenário da Câmara das denúncias de que teria participado de desvio de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Ele afirmou que, após ter sido citado em ligações telefônicas grampeadas pela Polícia Federal, virou "criminoso".
"Meu nome não é PA [as iniciais estão em um cheque de R$ 18.397,50 apreendido pela Polícia Federal e que, para os delegados, são referência ao nome de Paulinho]. É Paulo Pereira da Silva. Não tenho nada a esconder, minha vida é limpa, clara e transparente. Quero que a PF investigue minha vida e, se tiver algo de errado, que então me puna", afirmou.
Ele entregou ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), documento autorizando a quebra de seus sigilos fiscal, telefônico e bancário. Em discurso de dez minutos, disse estar sendo vítima de perseguição política por defender direitos dos trabalhadores.
Paulinho criticou a ação da PF, que gravou imagens na Câmara de um suposto lobista com quem manteria contato.
"Se a Polícia Federal disse que o cara entrou na minha sala e na do [deputado] Henrique [Eduardo] Alves [PMDB-RN] com uma mala, por que não prendeu o cara, se estava cheio de dinheiro? Essa mala não passou pelo detector de metais?", questionou.
À noite, depois de se explicar para a Executiva Nacional do PDT, Paulinho disse que a investigação pode ter a intenção de prejudicá-lo eleitoralmente. "Acho que isso pode ter a ver com a eleição de São Paulo porque, se o bloquinho [PDT,PC do B e PSB] optar por um lado, decide a eleição", disse.
Antes de participar da reunião na sede do PDT, ele foi à Procuradoria Geral da República entregar documento autorizando a quebra de seus sigilos, mas não foi recebido pelo procurador-geral, Antonio Fernando Souza. "Vou tentar falar com ele amanhã [hoje] porque sou o maior interessado em que me investiguem", disse.
Paulinho decidiu se defender no plenário e autorizar a quebra de seus sigilos depois de almoçar com o presidente interino do PDT, deputado Carlos Eduardo Vieira da Cunha (RS), o ministro Carlos Lupi (Trabalho) e o secretário-geral do PDT, Manoel Dias.
Após ouvir as explicações de Paulinho, a direção do PDT decidiu apoiá-lo. "Não há denúncias concretas contra ele", disse Vieira da Cunha. A Executiva se reuniu a portas fechadas por quase três horas.
O senador Jefferson Péres (PDT-AM) tinha dito à tarde que Paulinho deveria se afastar temporariamente do partido, mas não participou da reunião.
Paulinho tinha a intenção de pedir afastamento da presidência do PDT de São Paulo, mas desistiu depois de tomar conhecimento das declarações de Péres. "Ele se sentiu pressionado", afirmou o senador Osmar Dias (PDT-PR).


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