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Paulinho diz ser inocente e critica ação da PF
Deputado, que foi à tribuna da Câmara se defender, questiona por que polícia não prendeu homem que foi à sua sala
Reunião da Executiva do PDT durou quase três horas e direção decidiu apoiá-lo; para Paulinho, investigação pode ter interesse eleitoral
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Paulo Pereira da
Silva (PDT-SP), o Paulinho da
Força Sindical, se defendeu ontem no plenário da Câmara das
denúncias de que teria participado de desvio de recursos do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social). Ele afirmou que, após
ter sido citado em ligações telefônicas grampeadas pela Polícia Federal, virou "criminoso".
"Meu nome não é PA [as iniciais estão em um cheque de R$
18.397,50 apreendido pela Polícia Federal e que, para os delegados, são referência ao nome
de Paulinho]. É Paulo Pereira
da Silva. Não tenho nada a esconder, minha vida é limpa, clara e transparente. Quero que a
PF investigue minha vida e, se
tiver algo de errado, que então
me puna", afirmou.
Ele entregou ao presidente
da Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), documento autorizando a quebra de seus sigilos
fiscal, telefônico e bancário.
Em discurso de dez minutos,
disse estar sendo vítima de perseguição política por defender
direitos dos trabalhadores.
Paulinho criticou a ação da
PF, que gravou imagens na Câmara de um suposto lobista
com quem manteria contato.
"Se a Polícia Federal disse
que o cara entrou na minha sala
e na do [deputado] Henrique
[Eduardo] Alves [PMDB-RN]
com uma mala, por que não
prendeu o cara, se estava cheio
de dinheiro? Essa mala não
passou pelo detector de metais?", questionou.
À noite, depois de se explicar
para a Executiva Nacional do
PDT, Paulinho disse que a investigação pode ter a intenção
de prejudicá-lo eleitoralmente.
"Acho que isso pode ter a ver
com a eleição de São Paulo porque, se o bloquinho [PDT,PC
do B e PSB] optar por um lado,
decide a eleição", disse.
Antes de participar da reunião na sede do PDT, ele foi à
Procuradoria Geral da República entregar documento autorizando a quebra de seus sigilos,
mas não foi recebido pelo procurador-geral, Antonio Fernando Souza. "Vou tentar falar
com ele amanhã [hoje] porque
sou o maior interessado em que
me investiguem", disse.
Paulinho decidiu se defender
no plenário e autorizar a quebra de seus sigilos depois de almoçar com o presidente interino do PDT, deputado Carlos
Eduardo Vieira da Cunha (RS),
o ministro Carlos Lupi (Trabalho) e o secretário-geral do
PDT, Manoel Dias.
Após ouvir as explicações de
Paulinho, a direção do PDT decidiu apoiá-lo. "Não há denúncias concretas contra ele", disse
Vieira da Cunha. A Executiva se
reuniu a portas fechadas por
quase três horas.
O senador Jefferson Péres
(PDT-AM) tinha dito à tarde
que Paulinho deveria se afastar
temporariamente do partido,
mas não participou da reunião.
Paulinho tinha a intenção de
pedir afastamento da presidência do PDT de São Paulo, mas
desistiu depois de tomar conhecimento das declarações de
Péres. "Ele se sentiu pressionado", afirmou o senador Osmar
Dias (PDT-PR).
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