São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2010

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Serra diz que vai querer PT e PV no governo se for eleito

No primeiro encontro, presidenciáveis evitam polêmica e adotam tom cordial

Tucano evita se portar como opositor e diz que "Brasil vai precisar estar junto'; Dilma explora dados do PAC e foca promessas nos municípios

Pedro Silveira/"O Tempo"
Dilma, Serra e Marina durante o encontro de ontem, o primeiro entre os três pré-candidatos desde o início da atual fase da disputa

PAULO PEIXOTO
RODRIGO VIZEU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

No primeiro encontro entre os três principais pré-candidatos à Presidência da República, o tucano José Serra disse que pretende ter o PT e o PV em seu governo caso seja eleito.
O tucano, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) ficaram lado a lado durante o congresso anual da AMM (Associação Mineira de Municípios), em Belo Horizonte. Eles responderam a questões da entidade, sem poder fazer perguntas entre si nem réplica.
O debate foi morno e marcado pela estratégia dos três de evitar polêmicas e bate-boca. Na entrada do encontro, professores da rede estadual de ensino tentaram agredir Serra e houve tumulto.
O aceno de Serra ao PT e ao PV faz parte da estratégia do tucano de não assumir o papel de candidato de oposição a Lula.
A "deixa" foi uma fala de Marina, que disse que o PSDB foi refém "do que há de pior no DEM", e que o PT "ficou refém do que há de pior do PMDB". E concluiu: "É preciso ter a ética dos valores acima da ética das circunstâncias".
Foi quando Serra disse que, se eleito, vai querer governar com PT e PV. "Vou dizer o seguinte, Marina: se depois da campanha eu for eleito -e pode parecer uma heresia, viu, Dilma?-, mas vou querer tanto o PT quanto o PV no governo em função de objetivos comuns, com base no programa".
"O Brasil vai precisar estar junto nos próximos anos. Hoje e ontem a oposição sempre tem um comportamento que empurra o governo para um lado que não devia", disse ele.
Ele também fez um aceno ao PP elogiando Francisco Dornelles, cotado para ser seu vice.
Em toda sua apresentação, Dilma fez menções ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e ao PAC 2 e enumerou programas do governo federal para as prefeituras.
"Nós impedimos que a crise [econômica] afetasse os municípios", afirmou a petista.
Serra aproveitou a resposta para uma crítica indireta ao governo Lula, dizendo que, apesar de "corretas", as desonerações de impostos para aquecer a economia derrubaram a arrecadação das prefeituras.
"Não vamos deixar o governo fazer benefícios com o chapéu alheio", afirmou Serra, que disse ainda ter faltado R$ 1,5 bilhão para completar a perda dos municípios com a crise.
Mesmo assim, em seguida ele fez questão de amenizar a crítica: "Não estou focando nesse governo atual. Isso é histórico."
A ex-ministra respondeu a ele, dizendo que, na crise do ano passado, "pela primeira vez o governo era parte da solução". Antes, disse, o governo federal era afetado pelas crises.
Ela disse que o governo nunca fez distinção entre as filiações partidárias dos prefeitos na hora de fazer repasses.
Marina alfinetou a petista, dizendo que, apesar de Dilma ter defendido que o governo Lula tem "relação republicana" com prefeitos, "boa parte dos recursos ainda não são repassados sem mediação política".
A pré-candidata do PV foi a mais aplaudida pela plateia (formada por cerca de 400 prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais) ao criticar a animosidade dos últimos 16 anos entre tucanos e petistas.
Dilma defendeu a realização de uma reforma tributária no país. "Isso tem que ser feito com persistência e coragem. É complexo, tem muitos interesses envolvidos."


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