São Paulo, quinta, 7 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUCESSÃO
Documento será votado em reunião nacional do partido; ala de Lula pressiona "esquerda' e diretório do Rio
Presidentes do PT pedem saída de Palmeira

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local

O grupo de Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu o apoio de 19 presidentes estaduais de diretórios do partido para o pedido de anulação do lançamento da candidatura de Vladimir Palmeira (PT) ao governo fluminense.
O documento dos dirigentes será votado amanhã ou sábado na reunião do Diretório Nacional do PT. A retirada de Palmeira é exigida por Lula para manutenção de sua candidatura presidencial.
Lula quer apoiar o pedetista Anthony Garotinho no Rio para encorpar seu palanque com a presença de Leonel Brizola (PDT).
O texto assinado pelos presidentes estaduais representa mais um lance da ala de Lula e José Dirceu para encurralar Palmeira e as correntes da "esquerda" do PT, que bancam a decisão do diretório do Rio de lançar candidatura própria ao governo daquele Estado.
Diretórios importantes do PT, no entanto, não endossaram a exigência de Lula. No Rio Grande do Sul, já houve manifestação da instância partidária estadual a favor de Palmeira. Em Minas, a direção local ainda não tomou posição.
No texto dos dirigentes contra a decisão do diretório do Rio, os signatários dizem que a candidatura própria atropelou decisão da última convenção nacional do PT que subordina os interesses regionais à necessidade de construir uma ampla aliança em torno de Lula.
Lula tem maioria apertada para vencer no diretório, mas a última palavra ficará com a convenção nacional, que deve ser marcada para os dias 22 e 23 de maio.
Palmeira afirmou ontem que está negociando com Anthony Garotinho, candidato do PDT, o apoio mútuo, caso um dos dois vá para o segundo turno das eleições.
Garotinho, segundo sua assessoria, confirmou que procurou Palmeira e que ambos conversaram ontem por telefone.
Na conversa, Garotinho teria dito a Palmeira que é contra uma intervenção da direção nacional do PT no Rio e que uma eventual candidatura do petista "não irá alterar o rumo de sua campanha".
Para Palmeira, o ideal seria, no primeiro turno, ambos terem campanhas separadas, com a participação de Lula, o que poderia resolver a atual crise entre as direções nacional e fluminense do PT.
Para Garotinho, o mais importante é o combate contra "os inimigos comuns" -os candidatos César Maia (PFL) e Marcello Alencar (atual governador do PSDB).
A vereadora Jurema Batista (PT-RJ), candidata ao Senado na chapa que venceu a convenção regional do partido, afirmou ontem que não fará campanha para Garotinho, caso o diretório nacional do PT decida anular o resultado da convenção do Rio.
O PT no Rio é dividido em três grupos principais: a Articulação (que é contra ter candidato próprio no Rio), a Refazendo (a favor da candidatura de Palmeira) e grupos independentes.
A vereadora disse que não aceitará uma candidatura para o Senado em uma eventual chapa com o PDT. "Eu fui eleita pela convenção e não vou aceitar uma indicação do diretório nacional para outra chapa."
Palmeira disse que a decisão dela deve influenciar o diretório nacional e mostra a unificação da base do partido no Estado.
Hoje, o grupo do PT que apóia Palmeira fará uma plenária na sede do Sindicato dos Metroviários para definir os tópicos do programa de governo e para organizar a campanha eleitoral.


Colaborou Felipe Werneck da Sucursal do Rio


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.