São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Tucano diz que decisão de encurtar prazos da rolagem da dívida é "normal num processo eleitoral incerto"

Serra minimiza crise econômica e isenta BC

DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, minimizou ontem o impacto da decisão do Banco Central de encurtar os prazos para o pagamento de títulos públicos, aumentando em 76% o valor das dívidas que vencem no primeiro trimestre do ano que vem, o que criará dificuldades para o governo que toma posse em janeiro.
"Acho normal, num processo eleitoral incerto, que causa nervosismo, que os prazos para rolagem da dívida encurtem. Não é o BC que está fazendo isso. É o mercado. É evidente que o BC preferia manter prazos mais longos para o pagamento de dívidas", disse.
De acordo Serra, que esteve no Rio para discutir com técnicos do PMDB e PSDB a elaboração de um programa de governo comum, essa situação pode ser revertida após as eleições.
Serra disse, porém, que não acha justificável o nervosismo do mercado, que fez o dólar e o risco Brasil subirem nos últimos dias. Sobre a alta do dólar, lembrou que, no ano passado, a moeda americana teve queda após atingir picos de quase R$ 3. Disse que o mesmo deve acontecer agora.
Ao responder à pergunta dos jornalistas sobre uma possível má-fé dos investidores que estavam causando nervosismo no mercado, Serra preferiu dizer que "há uma boa dose de ignorância" e criticou a inclusão de pesquisas eleitorais nas análises de risco.
O tucano também se encontrou ontem com executivos do Banco Santander em Mangaratiba (70 km do Rio). Ele disse que vai "continuar com uma equipe econômica", mas terá "uma equipe social com o mesmo status e com metas definidas para serem acompanhadas pela sociedade".
Serra criticou os pré-candidatos de oposição: "Os pré-candidatos apostam no quanto pior melhor, até para atrair a atenção da opinião pública". E voltou a atacar o presidenciável Ciro Gomes (PPS), que anteontem o acusou de "desonestidade intelectual", por fazer parte de um governo que, apesar de defender a responsabilidade fiscal, permitiu que a dívida pública interna chegasse a R$ 630 bilhões. ""O único jeito de discutir com o Ciro é descer ao nível da baixaria. O grau de ignorância é tão assombroso que fica difícil ter uma discussão séria."
O pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem que a responsabilidade de todas as atitudes do BC até o dia 31 de dezembro, quando encerra o mandato de FHC, é do próprio presidente, do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e do presidente do BC, Armínio Fraga.
Lula criticou Fraga por "falar demais" ao se referir ao saque de grupo de investidores em fundos de renda fixa às vésperas da mudança de regras que provocou prejuízo aos aplicadores.
"A responsabilidade pelo que aconteceu foi única e exclusivamente do BC. Por isso acho que Armínio deve falar menos. Ele não deve falar. Ele só tem de trabalhar. Tomar conta da nossa moeda. Quando ele começa a dar muito palpite onde não deveria dar, começa a acontecer isso. Tenho a impressão que eles querem criar desconfiança na sociedade quando a sociedade está precisando que lhe passem serenidade."
O presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, disse ontem em Brasília que a decisão do BC de aumentar a concentração da dívida do governo no mercado financeiro no primeiro trimestre de 2003 vai forçar uma renegociação. "Vamos negociar. Não sou a favor de decisões unilaterais", afirmou.



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