São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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QUESTÃO AGRÁRIA

Segundo polícia, trabalhadores ligados a MST estavam armados

Polícia do Pará prende 19 sem-terra

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

A polícia do Pará prendeu 19 trabalhadores rurais sem-terra, ligados ao MST, acusados de formação de quadrilha e porte ilegal de armas. Os sem-terra foram presos em uma área da União invadida próxima ao município de Altamira. Segundo a Polícia Civil, eles foram detidos com 18 espingardas e munições.
As prisões ocorreram há seis dias, mas só foram divulgadas ontem. Os advogados do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itaituba (PA) entraram ontem com pedido de habeas corpus.
"A prisão estava sendo mantida em sigilo pela polícia e só conseguimos descobrir o caso hoje [ontem"", disse o coordenador do MST no Pará, Raimundo Nonato. Segundo ele, "as armas encontradas com os presos são usadas para a caça, e as prisões são o reflexo da impunidade relacionada aos crimes praticados no Pará".
Segundo o MST, pelo menos 33 trabalhadores rurais foram mantidos presos neste ano no Pará. A Secretaria de Segurança Pública alega que as prisões foram legais.
Dirigentes do MST no Pará afirmaram ontem que uma onda de invasões pode ocorrer no Estado nas próximas semanas em represália à absolvição dos PMs acusados de co-autoria nas mortes de 19 sem-terra em abril de 1996, em Eldorado do Carajás.
O movimento aguarda o resultado da última sessão do julgamento, marcado para começar na próxima segunda. Serão julgados 129 policiais envolvidos no confronto. Dos 18 julgados até agora, 16 foram absolvidos. Apenas dois comandantes foram condenados.
O coronel Mário Pantoja foi condenado a 228 anos de prisão. O major José Maria Oliveira, 158. Eles recorrem em liberdade. O capitão Raimundo Almendra Lameira foi absolvido. O Ministério Público recorreu. Na semana passada foram absolvidos nove sargentos. Anteontem, quatro tenentes e dois sargentos.

Rainha
O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Felix Fischer negou ontem liminar que cassaria a ordem de prisão do líder do MST José Rainha Júnior e de sem-terra acusados de formação de quadrilha em processo criminal.
Fischer disse que não poderia atender ao pedido por razões técnicas (processuais).


Colaborou a Sucursal de Brasília



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