São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003 |
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VICE-PROBLEMA Ministro se reúne com vice, que compara Banco Central a "contador" Alencar se diz "afinado" com Palocci, mas depois ataca BC
WILSON SILVEIRA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Depois de uma reunião que durou mais de uma hora com Antonio Palocci Filho (Fazenda), o vice-presidente, José Alencar, disse estar "rigorosamente afinado" com o ministro, mas, ao voltar ao seu gabinete, ele voltou a defender que a decisão sobre juros seja política e comparou o Banco Central a um contador. Alencar conversou ontem pela manhã com Palocci no gabinete da Vice-Presidência por uma hora e meia. A audiência foi solicitada pelo próprio ministro com a intenção de explicar as linhas gerais da política econômica do governo, numa tentativa de fazer com que Alencar pare de criticar as altas taxas de juros. O vice chegou a confundir-se, chamando Palocci de "presidente". "Nós estamos rigorosamente afinados. Estamos no mesmo barco. Assino qualquer medida proposta pelo presidente (sic) Palocci, que é um craque, é um homem de bem, e eu não tenho dúvida nenhuma de que o Brasil está muito bem entregue", disse Alencar. Palocci disse que tinha sido um "enorme prazer" falar com o vice. "Tivemos uma extensa e agradabilíssima conversa sobre as necessidades de desenvolvimento e de crescimento do Brasil. Vocês sabem o quanto eu admiro o nosso vice-presidente José Alencar, o quanto ele tem sido importante para o nosso governo e para somar esforços no grande desafio do crescimento do Brasil", disse. Questionado sobre as críticas de Alencar, Palocci respondeu com uma pergunta: "Que críticas?" Ele disse que encara as "palavras" de Alencar como contribuições para um debate necessário para o país. Disse também que recebeu o país com uma inflação explosiva, que o obriga a fazer uma gestão austera da economia. "Mas essa gestão austera tem como mote o crescimento do país", ressalvou. Diante da insistência dos repórteres sobre a questão dos juros, Palocci brincou: "Eu juro que os juros não foram o assunto principal da conversa". Alencar começou afirmando que já havia dito tudo o que tinha para dizer, tanto na entrevista que concedeu segunda quanto na palestra de Salvador, anteontem. Reafirmou seus elogios aos primeiros meses da gestão da economia, que permitiram a queda do risco-país a um terço do que estava antes da posse. "Agora você pergunta: esse risco Brasil a um terço está bem? Não, ele é altíssimo. Nós não podemos concordar com ele, porque ele é um despropósito em relação ao que o Brasil representa", disse. Contador No entanto, depois que Palocci foi embora, Alencar voltou para seu gabinete. Cerca de meia hora depois, ao sair para o almoço, voltou a falar sobre juros. "O que eu tenho falado não é uma opinião superficial minha, isso é uma opinião de todas as pessoas que têm um mínimo de conhecimento das coisas. O Brasil precisa voltar a crescer. É absolutamente essencial que o Brasil volte a crescer. Faça investimentos. Para isso tem que haver condições", declarou. Segundo ele, os brasileiros precisam despertar para os custos do capital, que "estrangulam" a capacidade de desenvolvimento. Sem que ninguém perguntasse sobre o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central, responsável pela fixação da taxa básica de juros), Alencar disse que nunca falou sobre esse órgão. "Eu nunca pronunciei a palavra Copom. Eu falei é que a decisão tem que ser política. Mas não é decisão de Copom. É a mesma coisa de você chegar a falar assim: "Quem tem de fazer a contabilidade de empresa é empresário". Não é, quem tem que fazer a contabilidade da empresa é o contador. Isso é outra coisa. Agora, as decisões filosóficas ou políticas são atribuição do político", disse. Ao defender a redução da taxa de juros, Alencar disse que está procurando ajudar o Brasil a sair dessa situação através de políticas clássicas, e não heterodoxas. "Precisamos fazer crescer nossas exportações, construir grande saldo de balanço comercial para acabar esse constrangimento cambial que de vez em quando nos assola", disse. Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frases Índice |
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