São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2004

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ADEUS, PT

Evento volta a Porto Alegre

Novo Fórum Social vai criticar governo Lula

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O Fórum Social Mundial, que voltará a ser realizado em Porto Alegre entre 26 e 31 de janeiro, criticará o PT e o governo Lula e exigirá mudanças nos rumos do país. Organizadores do evento dizem não identificar no governo o respeito ao seu slogan tradicional, "um novo mundo é possível".
Até dezembro, estão programados 16 fóruns sobre assuntos específicos. "Em 2005, a proposta é manter a diversidade do evento e, ao mesmo tempo, transformá-lo num espaço cada vez mais capaz de facilitar as articulações e ações comuns entre os que dele participam", diz o site do evento. Nos três fóruns realizados em Porto Alegre (o quarto, neste ano, ocorreu na Índia), Lula foi ovacionado pelo público e organizadores.
Entidades como a Attac (Ação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos), uma das organizadoras, já fala em uma proposta: a de taxação do capital externo, com controle que evite a vulnerabilidade.
"Cobraremos alternativas a este modelo hegemônico. Pressionaremos Lula por uma agenda que implemente as mudanças para as quais foi eleito. O primeiro ponto dessa agenda tem de ser o controle de capitais", diz Carla Ferreira, coordenadora da Attac. ""Acreditamos que um novo mundo é possível e vamos enfatizar isso ainda mais. Haverá, a partir do fórum, uma guinada no governo Lula, porque propiciaremos pressões nacionais e internacionais."
Outra entidade organizadora do fórum que mantém o discurso de que um novo mundo é possível, mas que o governo Lula não acompanha essa idéia, é a Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais). Em seminário promovido pela entidade nos últimos dias 13 e 14, houve fortes críticas ao governo.
""O presidente não leva em conta a alternativa de realizar as duas coisas, aumento significativo do salário mínimo e realização dos investimentos, porque não considera a hipótese de tocar nas cláusulas pétreas da atual política econômica: o elevado superávit primário e a busca de credibilidade junto aos credores da dívida pública", diz texto final do evento.
""A Abong questiona os rumos do governo a partir de princípios políticos que se contrapõem ao primado do mercado sobre a sociedade", continua o texto.
Dentre os participantes internacionais, as críticas a Lula não são menores. A presidente da ONG argentina Madres da Plaza de Mayo, Hebe de Bonafini, disse que o fórum deve visar ao socialismo. As ""madres" começam já a articular protestos a serem realizados em Porto Alegre com uma das entidades que coordenam o fórum: o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). ""Basta de capitalismo humanitário. Quem não viu que Lula mudou já antes de ser eleito? O governo Lula é capitalista", disse Bonafini.


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