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ADEUS, PT
Evento volta a Porto Alegre
Novo Fórum Social vai criticar governo Lula
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O Fórum Social Mundial, que
voltará a ser realizado em Porto
Alegre entre 26 e 31 de janeiro, criticará o PT e o governo Lula e exigirá mudanças nos rumos do
país. Organizadores do evento dizem não identificar no governo o
respeito ao seu slogan tradicional,
"um novo mundo é possível".
Até dezembro, estão programados 16 fóruns sobre assuntos específicos. "Em 2005, a proposta é
manter a diversidade do evento e,
ao mesmo tempo, transformá-lo
num espaço cada vez mais capaz
de facilitar as articulações e ações
comuns entre os que dele participam", diz o site do evento. Nos
três fóruns realizados em Porto
Alegre (o quarto, neste ano, ocorreu na Índia), Lula foi ovacionado
pelo público e organizadores.
Entidades como a Attac (Ação
pela Tributação das Transações
Financeiras em Apoio aos Cidadãos), uma das organizadoras, já
fala em uma proposta: a de taxação do capital externo, com controle que evite a vulnerabilidade.
"Cobraremos alternativas a este
modelo hegemônico. Pressionaremos Lula por uma agenda que
implemente as mudanças para as
quais foi eleito. O primeiro ponto
dessa agenda tem de ser o controle de capitais", diz Carla Ferreira,
coordenadora da Attac. ""Acreditamos que um novo mundo é
possível e vamos enfatizar isso
ainda mais. Haverá, a partir do fórum, uma guinada no governo
Lula, porque propiciaremos pressões nacionais e internacionais."
Outra entidade organizadora
do fórum que mantém o discurso
de que um novo mundo é possível, mas que o governo Lula não
acompanha essa idéia, é a Abong
(Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais).
Em seminário promovido pela
entidade nos últimos dias 13 e 14,
houve fortes críticas ao governo.
""O presidente não leva em conta a alternativa de realizar as duas
coisas, aumento significativo do
salário mínimo e realização dos
investimentos, porque não considera a hipótese de tocar nas cláusulas pétreas da atual política econômica: o elevado superávit primário e a busca de credibilidade
junto aos credores da dívida pública", diz texto final do evento.
""A Abong questiona os rumos
do governo a partir de princípios
políticos que se contrapõem ao
primado do mercado sobre a sociedade", continua o texto.
Dentre os participantes internacionais, as críticas a Lula não são
menores. A presidente da ONG
argentina Madres da Plaza de Mayo, Hebe de Bonafini, disse que o
fórum deve visar ao socialismo.
As ""madres" começam já a articular protestos a serem realizados
em Porto Alegre com uma das entidades que coordenam o fórum:
o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). ""Basta de capitalismo humanitário.
Quem não viu que Lula mudou já
antes de ser eleito? O governo Lula é capitalista", disse Bonafini.
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