São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006 |
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ELIO GASPARI Alckmin, candidato para quê? Para nada
O
GRÃO-TUCANO GERALDO
Alckmin acredita que seu desempenho como candidato a
presidente mudará de qualidade a
partir de 15 de agosto, quando começa o horário gratuito na televisão.
Pode ser, mas isso não muda o fato
de que até agora, com três meses de
exposição, Alckmin encarna um desastre partidário, administrativo e
individual.
O desastre administrativo explodiu nos dias trágicos do colapso da segurança pública em São Paulo. Como diria Leonel Brizola, isso era coisa que vinha de longe. Alckmin é caso único de governante que, depois de confiscar um desconto nos transportes públicos de uma cidade, espera eleger-se com os votos de seus habitantes. Em janeiro do ano passado, o doutor tungou um rebate de 10% que o Metrô de São Paulo dava aos usuários que compravam dois bilhetes. Além disso, comeu metade do bônus oferecido a quem comprava dez passagens. Mordida de R$ 1 para cada vítima. Isso enquanto foi governador. Sendo candidato a presidente, deixou o Estado com o vice Cláudio Lembo, que acabou de vez com o alívio. São medidas demófobas e retrógradas. Os metrôs de São Paulo (estatal) e do Rio (privado) correm o risco de se transformar nos últimos do mundo a trabalhar com tarifas burras. O sistema de Nova York, por exemplo, cobra US$ 2 pelo bilhete, mas oferece diversas modalidades de descontos. Quem compra um cartão de US$ 10 ganha uma viagem grátis. Para o usuário que vai e volta do trabalho todos os dias úteis, o metrô de Alckmin cobra R$ 105 (US$ 46) mensais, sem choro nem vela. Coisa de cidade rica. Em Nova York, burgo de miseráveis, esse mesmo trabalhador paga US$ 38 por um cartão que lhe permite viajar quantas vezes quiser, durante um mês. Lá, houve um choque de gestão. Cá, há o choque de burrice. O desastre individual de Alckmin ocorre quando se percebe que o doutor já vestiu gibão de couro, comeu churrasco de bode, foi barrado em cercadinho VIP de forró, mas ainda não conseguiu enunciar uma só idéia que fosse boa e nova. Pior: nem ruim e velha. Nada. Repete platitudes até quando insulta seu adversário. Isso num cenário em que o PSDB assiste à erosão de redutos eleitorais significativos. Cada pesquisa indica novos e dolorosos rombos na rede eleitoral tucana. Os próximos meses serão duros para Geraldo Alckmin. E duros serão também para a choldra que terá que ouvi-lo. Isso porque, seja qual for o assunto, o doutor dirá: "Esse problema precisa de estudo e firmeza. Devemos avaliar cada etapa do processo e avançar com passo seguro e determinação. Façamos o que ensina Anatole France: se a idéia é boa, copie-a. Eu acrescentaria: se não for boa, não a copie." Como escreveu o poeta Ascenso Ferreira: - Para quê? - Para nada. Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Para OAB, invasão é "vandalismo de Estado anárquico" Índice |
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