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Irmão de Lula vendia favores a empresário de jogo, diz PF
Segundo a investigação, Vavá prometia benefícios e vantagens em órgãos do governo
Sem dizer que interesses ele defendia, polícia afirma que Vavá recebia de R$ 2.000 a
R$ 3.000, mas não era capaz de atender os pedidos feitos
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA EM CAMPO GRANDE
RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE
Segundo a Polícia Federal,
Genival Inácio da Silva, o Vavá,
irmão mais velho do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, recebia dinheiro -valores que variavam de R$ 2.000 a R$
3.000- do empresário de jogos
Nilton Cezar Servo, preso na
Operação Xeque-Mate.
Ele pedia dinheiro prometendo benefícios e vantagens a
Servo em órgãos governamentais. A PF, porém, não informou quais interesses Vavá defendia e em que órgãos. Segundo a polícia, Vavá fazia promessas, porém não conseguia atender os pedidos.
Mesmo sem alcançar os objetivos, o irmão do presidente foi
indiciado sob suspeita de tráfico de influência no Poder Executivo e exploração de prestígio
no Judiciário, dentro da Operação Xeque-Mate, na última segunda-feira.
A PF, que fez busca e apreensão na casa de Vavá em São Bernardo do Campo, chegou a pedir a prisão dele, no que não foi
atendida.
A Justiça entendeu que não
estava comprovado o tráfico de
influência do irmão de Lula no
setor da máfia dos jogos, alvo da
Operação Xeque-Mate e dos
pedidos de prisão.
Conforme a polícia, foi descoberto na operação que donos
de caça-níqueis em Mato Grosso do Sul e São Paulo pagavam
propina a policiais para manterem o jogo funcionando, além
de importarem ilegalmente
componentes eletrônicos para
as máquinas.
Um delegado próximo às investigações afirmou que a PF,
ao investigar Servo, que até
abril deste ano operava máquinas de caça-níqueis, chegou a
Vavá e passou a investigá-lo
também.
Para essa operação, foram
166 mil ligações gravadas nos
últimos seis meses, das quais
5.600 foram selecionadas.
Depoimento
Preso anteontem em Minas,
Servo prestou depoimento ontem em Campo Grande. Candidato a deputado federal pelo
PSB em 2006 em coligação com
o PT, quando declarou patrimônio de R$ 500 mil dinheiro e
a mesma quantia em jóias, Servo é considerado um dos líderes da máfia dos caça-níqueis.
Escutas telefônicas registram conversas de Servo com
Vavá pelo menos até março
deste ano, apontando que ele
continuava com o tráfico de influência.
Em 2005, no auge da crise do
mensalão, a imprensa publicou
que Vavá abriu escritório em
São Bernardo para ajudar empresários a ter acesso ao governo federal. Ele, por exemplo,
intermediou encontros de representantes da Federação
Brasileira de Hospitais com assessores próximos a Lula.
Em outra frente, Vavá, apresentando-se como irmão do
presidente, também intermediou audiências do empresário
português Emídio Mendes, do
Riviera Group, na Petrobras.
A informação da PF sobre pagamento de dinheiro a Vavá
confirma acusações de um ex-gerente de Servo, Andrei Cunha, em depoimento a PF.
Também preso na Operação
Xeque-Mate, Cunha aceitou o
benefício da delação premiada.
Até o início deste ano, Cunha
era gerente de Servo. Os dois se
desentenderam. Um policial
contou que, segundo Cunha,
Vavá pedia quantia acima de R$
10 mil, mas o valor repassado
por Servo era menor -de R$
2.000 a R$ 3.000. No depoimento, porém, Cunha não informa por que motivo Servo pagaria Vavá.
A PF divulgou ontem uma
correção no balanço da Operação Xeque-Mate: 78 pessoas foram presas e seis estavam foragidas. Anteontem a polícia havia anunciado número diferente: 79 detidos.
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