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STF abre inquérito para investigar Paulinho
Ayres Britto decretou segredo sobre o caso, mas sabe-se que procurador pediu quebra dos sigilos fiscal e bancário de uma instituição
Gabinete de Ayres Britto informou que havia de fato tais pedidos contra uma "pessoa jurídica", mas não declarou qual é a empresa
FELIPE SELIGMAN
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do STF Carlos
Ayres Britto instaurou ontem
inquérito para investigar o deputado federal Paulo Pereira da
Silva (PDT-SP), o Paulinho da
Força Sindical, em suposto envolvimento em esquema de
desvio de verbas no BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Britto decretou segredo de
Justiça, vetando a divulgação
dos pedidos feitos pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, para
viabilizar a investigação. Sabe-se porém que entre eles está a
quebra do sigilo fiscal e bancário de alguma empresa ou ONG
envolvida. No início da semana,
Souza foi questionado por jornalistas sobre as diligências
que havia feito ao Supremo.
Ele respondeu que o sigilo telefônico não seria necessário, já
que diversas escutas telefônicas já estavam presentes no inquérito da Polícia Federal, mas
indicou que havia requisitado
quebras de sigilo bancário e fiscal. "Foram feitas as diligências
necessárias para verificar a movimentação de dinheiro. Informações que não se conseguem
por testemunhas", disse ele.
Posteriormente, o gabinete
de Ayres Britto informou que
havia de fato tais pedidos contra uma "pessoa jurídica" , sem
informar qual seria ela.
As denúncias contra Paulinho surgiram na Operação
Santa Tereza, da PF, que desarticulou em abril grupo acusado
de envolvimento com tráfico de
mulheres, exploração de atividade de prostituição e em fraudes em concessão de empréstimo do BNDES. O parlamentar
é apontado pela PF como um
dos chefes do esquema. Ele, porém, nega as acusações.
Com a instauração do inquérito e a possível procedência
dos pedidos do procurador-geral, o Ministério Público poderá, ao final das investigações,
requisitar a abertura de processo criminal contra o parlamentar. Caso não encontre indícios
para tal, o MP pedirá ao Supremo que arquive o inquérito.
A Folha tentou falar com o
deputado, que não atendeu às
ligações feitas em seus celulares de Brasília e São Paulo. Seu
assessor de imprensa também
não atendeu às ligações. Como
a decisão saiu depois das 18h,a
Folha tentou contatar a assessoria do deputado na Força
Sindical e o seu advogado em
seu escritório em São Paulo,
mas já não havia ninguém.
Além dessa investigação, na
terça o Conselho de Ética da
Câmara instaurou processo
contra Paulinho por quebra de
decoro que pode provocar sua
cassação. O relator é o deputado Paulo Piau (PMDB-MG).
Agora, uma renúncia não paralisa mais a tramitação do processo. Se for cassado, Paulinho
perderá os direitos políticos
por oito anos. Durante a semana, Piau afirmou que pretende
dar a maior celeridade possível
ao caso, evitando prorrogar os
trabalhos do conselho por mais
90 dias, como prevê o regimento: "As denúncias são muito
graves, mas temos que analisar
as provas e ouvir as testemunhas antes de opinar. Na semana que vem, pretendo ouvir
Paulinho, se possível", disse.
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