São Paulo, sábado, 07 de junho de 2008

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STF abre inquérito para investigar Paulinho

Ayres Britto decretou segredo sobre o caso, mas sabe-se que procurador pediu quebra dos sigilos fiscal e bancário de uma instituição

Gabinete de Ayres Britto informou que havia de fato tais pedidos contra uma "pessoa jurídica", mas não declarou qual é a empresa


FELIPE SELIGMAN
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do STF Carlos Ayres Britto instaurou ontem inquérito para investigar o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, em suposto envolvimento em esquema de desvio de verbas no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Britto decretou segredo de Justiça, vetando a divulgação dos pedidos feitos pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, para viabilizar a investigação. Sabe-se porém que entre eles está a quebra do sigilo fiscal e bancário de alguma empresa ou ONG envolvida. No início da semana, Souza foi questionado por jornalistas sobre as diligências que havia feito ao Supremo.
Ele respondeu que o sigilo telefônico não seria necessário, já que diversas escutas telefônicas já estavam presentes no inquérito da Polícia Federal, mas indicou que havia requisitado quebras de sigilo bancário e fiscal. "Foram feitas as diligências necessárias para verificar a movimentação de dinheiro. Informações que não se conseguem por testemunhas", disse ele.
Posteriormente, o gabinete de Ayres Britto informou que havia de fato tais pedidos contra uma "pessoa jurídica" , sem informar qual seria ela.
As denúncias contra Paulinho surgiram na Operação Santa Tereza, da PF, que desarticulou em abril grupo acusado de envolvimento com tráfico de mulheres, exploração de atividade de prostituição e em fraudes em concessão de empréstimo do BNDES. O parlamentar é apontado pela PF como um dos chefes do esquema. Ele, porém, nega as acusações.
Com a instauração do inquérito e a possível procedência dos pedidos do procurador-geral, o Ministério Público poderá, ao final das investigações, requisitar a abertura de processo criminal contra o parlamentar. Caso não encontre indícios para tal, o MP pedirá ao Supremo que arquive o inquérito.
A Folha tentou falar com o deputado, que não atendeu às ligações feitas em seus celulares de Brasília e São Paulo. Seu assessor de imprensa também não atendeu às ligações. Como a decisão saiu depois das 18h,a Folha tentou contatar a assessoria do deputado na Força Sindical e o seu advogado em seu escritório em São Paulo, mas já não havia ninguém.
Além dessa investigação, na terça o Conselho de Ética da Câmara instaurou processo contra Paulinho por quebra de decoro que pode provocar sua cassação. O relator é o deputado Paulo Piau (PMDB-MG).
Agora, uma renúncia não paralisa mais a tramitação do processo. Se for cassado, Paulinho perderá os direitos políticos por oito anos. Durante a semana, Piau afirmou que pretende dar a maior celeridade possível ao caso, evitando prorrogar os trabalhos do conselho por mais 90 dias, como prevê o regimento: "As denúncias são muito graves, mas temos que analisar as provas e ouvir as testemunhas antes de opinar. Na semana que vem, pretendo ouvir Paulinho, se possível", disse.


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