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Petrobras gasta R$ 180 mi com advogados
Contratação sem licitação de serviços de advocacia ocorreu 1998 e 2009; estatal, que tem 650 advogados, diz que custo está caindo
Empresa também injetou
R$ 3,5 mi no patrocínio de eventos e publicações para entidades ligadas a juízes, advogados e promotores
RUBENS VALENTE
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre 1998 e 2009, a Petrobras assinou contratos de pelo
menos R$ 180 milhões sem licitação com serviços externos de
advocacia -apesar de ter um time de 650 advogados.
Os números foram fornecidos, a pedido da Folha, pela assessoria de comunicação da Petrobras. Segundo a empresa, os
gastos vêm caindo desde 2008.
As contratações de advogados incluem a realização de pareceres por ex-ministros de
cortes superiores, como Edson
Vidigal, ex-presidente do STJ
(Superior Tribunal de Justiça),
que recebeu R$ 320 mil por
dois pareceres, em 2007 e em
2008, sobre assuntos relacionados a servidores públicos.
"Muitas empresas, mesmo
com setor jurídico próprio, em
alguma situação específica, encomendam pareceres ou contratam escritórios. Meu escritório trabalha para outras empresas em São Paulo que têm
departamento jurídico próprio. É normal, é legal, não é aético nem imoral", disse Vidigal.
Magistrados
Na área de patrocínios, a empresa, que é alvo de CPI no Senado, injetou R$ 3,5 milhões
em apoios a publicações e eventos para algumas das mais importantes entidades representativas de juízes, advogados e
promotores de Justiça.
A maior parte dos recursos
foi destinada a entidades relacionadas a juízes federais e trabalhistas, com R$ 2,13 milhões.
Para entidades ligadas a promotores de Justiça, destinou
R$ 830 mil.
Entre outros eventos, a Petrobras ajudou a financiar o 4º
Encontro de Magistrados de
São Paulo e Mato Grosso do
Sul, realizado em maio de 2006
num hotel da estância turística
de Águas de São Pedro (SP), o
5º Congresso de Magistrados
Federais de São Paulo e Mato
Grosso do Sul, realizado em
abril num hotel de Campos do
Jordão (SP), o 16º e o 17º congressos nacionais do Ministério Público (promotores estaduais) e o 8º encontro dos magistrados da 2ª Região (Rio de
Janeiro e Espírito Santo).
A petroleira também destinou R$ 350 mil para o Conselho Federal da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) realizar a 20ª Conferência Nacional
dos Advogados. Em novembro
de 2008, cerca de 7.000 participantes, segundo os cálculos da
Ordem, encontraram-se na cidade de Natal (RN).
"Para nós, é uma prática comum. De três em três anos, realizamos esse evento com patrocínios", disse o presidente da
OAB, Cézar Britto. "A OAB
nunca foi contrária à CPI, acha
que é função do parlamento fiscalizar", afirmou Britto.
A Petrobras fez ainda patrocínios de interesse de magistrados por meio da Editora Justiça
e Cidadania, localizada no Rio.
Em 2008, a J&C lançou 1.500
exemplares de um livro inteiramente dedicado ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª
Região, que abrange São Paulo
e Mato Grosso do Sul.
Com 199 páginas, o livro tece
loas ao tribunal e dedica 12 páginas a fotografias e currículos
de todos os desembargadores.
A publicação custou R$ 187 mil
à petroleira -custo médio de
R$ 124 por exemplar.
"Nós fazemos publicações dirigidas a deputados, senadores,
magistrados, tratando da política do Judiciário", disse o responsável pela J&C, Tiago Salles. A editora, segundo Salles, é
responsável pela impressão de
edições da revista da escola dos
magistrados federais, projetos
financiados pela Petrobras.
A estatal também ajudou a
custear eventos promovidos
por procuradores federais de
órgãos e autarquias federais.
"Não cobramos inscrição.
Por isso, pedidos ajuda às empresas públicas", disse Ricardo
Franco Neto, secretário-geral
da Anpaf (Associação Nacional
dos Procuradores Federais).
Segundo ele, a verba da estatal foi usada para impressão de
material de divulgação, apoio
ao cerimonial e pagamento de
despesas dos palestrantes.
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