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LEGISLATIVO X EXECUTIVO
Oposição e governistas que se sentem excluídos criam agenda de reformas paralela à do Planalto
Temer estimula rebelião de deputados
KENNEDY ALENCAR
Editor do Painel
Acuados pelas frequentes críticas do presidente Fernando Henrique Cardoso e pela recente cobrança de entidades empresariais,
a oposição e setores governistas
responderam com a criação de um
movimento que propõe uma agenda de reformas diferente da desejada pelo Palácio do Planalto.
O Movimento Agenda Parlamentar 97 nasceu da união da oposição, que está na defensiva nos últimos três anos, e de parlamentares governistas que se sentem excluídos do núcleo do poder pelo
presidente FHC.
"Muitos setores que hoje criticam o Legislativo já sentiram na
pele os malefícios de ter um Parlamento calado", afirma o presidente da Câmara, deputado Michel
Temer (PMDB-SP).
O deputado federal José Genoino
(PT-SP), um dos líderes da reação
anti-FHC, dá duas razões para que
o movimento não naufrague como
outros que surgiram e desapareceram nos últimos anos: "A Câmara
se cansou de ser a culpada por tudo
o que dá errado no Brasil, e o presidente da Casa está disposto a cacifar a iniciativa, mostrando-se independente do Planalto".
Patrocínio
O presidente nacional do PPB,
senador Esperidião Amin (SC), diz
que "direta e indiretamente o governo tem sido incorreto com o
Congresso, querendo mantê-lo
acuado".
Segundo Amin, isso despertou o
sentimento de sobrevivência dos
parlamentares, que são candidatos
à reeleição em 98.
"Não deveria ser, mas é claro
que o movimento é contra o governo, pois foi ele quem criou essas circunstâncias ao não desmentir as críticas que fez rotineiramente", conclui Amin.
Apesar de publicamente os deputados Miro Teixeira (PDT-RJ) e
José Genoino terem aparecido como os pais do movimento, Michel
Temer patrocinou a idéia desde o
começo de sua articulação.
Parlamentares próximos ao presidente da Câmara afirmam que
ele está contrariado com as pressões do Palácio do Planalto para
dirigir a Casa com a mão de ferro
de seu antecessor, Luís Eduardo
Magalhães (PFL-BA).
Temer teria constatado que, apesar de ter sido eleito com apoio do
governo, Fernando Henrique e o
PFL estariam excluindo seu grupo
político do núcleo do governo.
Ao formar um novo eixo de poder, essa ala governista cria uma
espécie de dissidência branca, que
não poderá ser acusada de jogar
contra o Planalto.
Reunião
Michel Temer faz amanhã uma
reunião em sua casa para se comprometer a colocar na pauta da
Câmara os projetos que o movimento definir como prioritários.
Em primeiro lugar, está uma reforma política que valha a partir de
2002 (leia reportagem abaixo).
Depois, vêm projetos de segurança pública, saúde, regimento
interno da Câmara dos Deputados
e até um substitutivo à CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
A presidência da Câmara vai
criar uma comissão que apresentará suas propostas ao colégio de
líderes e aos presidentes das comissões temáticas da Casa, instâncias dominadas plenamente por
parlamentares fiéis ao Planalto.
Há parlamentares de todos os
partidos no grupo. Até do PFL, cujos caciques são contrários à iniciativa.
Miro Teixeira foi escolhido temporariamente como o secretário
das reuniões, que, com exceção da
de amanhã, ocorrem na casa de Israel Pinheiro Filho (PTB-MG).
Os participantes rejeitam o nome "Reage, Câmara" por acharem que externa uma agressão ao
Executivo.
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